A declaração vem após o anúncio conjunto de Alemanha e Estados Unidos, na última quarta-feira, de que Berlim receberá a partir de 2026 bases de mísseis de longo alcance como forma de desencorajar eventuais agressões russas.
Por Redação, com DW – de Berlim e Moscou
Evocando as tensões da época da Guerra Fria, a Rússia alertou que o envio de mísseis norte-americanos à Alemanha pode colocar capitais europeias na mira de eventuais ataques russos.
— A Europa está no ponto de mira dos nossos mísseis, nosso país está no ponto de mira de mísseis norte-americanos na Europa. Já vivemos isso. Temos capacidade o bastante de conter esses mísseis, mas as potenciais vítimas são as capitais desses países europeus — afirmou o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov em vídeo postado nas redes sociais por um repórter de uma emissora estatal russa.
A declaração vem após o anúncio conjunto de Alemanha e Estados Unidos, na última quarta-feira, de que Berlim receberá a partir de 2026 bases de mísseis de longo alcance como forma de desencorajar eventuais agressões russas. O plano inclui mísseis de longo alcance Tomahawk, que podem atingir alvos a até 2.500 km de distância e carregar munições nucleares, e armas hipersônicas em desenvolvimento, que aumentarão significativamente o poder de fogo europeu.
Tratado
Ao jornal alemão Tagesspiegel, Carlo Masala, professor para política internacional na Universidade das Forças Armadas em Munique, disse que a fala de Peskov é um lembrete ao Ocidente de que a Rússia, contrariando acordos internacionais, “tem mísseis capazes de atingir praticamente qualquer ponto da Europa”.
Mísseis lançados do solo com capacidade de viajar entre 500 km e 5.500 km de distância eram banidos por um acordo de 1988 assinado pelos EUA e a antiga União Soviética. Após acusar a Rússia de violar o tratado com o desenvolvimento de novas armas em 2014, os americanos acabaram abandonando o acordo em 2019.
Quando o anúncio sobre a instalação de mísseis americanos na Alemanha foi feito, às margens de uma reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o chanceler federal alemão Olaf Scholz saudou a iniciativa no contexto de proteção do território europeu da aliança. “Essa decisão foi preparada por muito tempo e não é uma surpresa para qualquer um envolvido em políticas de segurança e paz.”