Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Rio de Janeiro notifica mais de 15 mil ações de violência contra mulheres

Nos tipos de violências interpessoais mais notificadas em mulheres de 20 anos a 59 anos e residentes na capital, a física teve maior percentual (90,20%), seguida da psicológica (31,90%) e da sexual (11,40%).

Domingo, 12 de Novembro de 2023 às 14:04, por: CdB

Nos tipos de violências interpessoais mais notificadas em mulheres de 20 anos a 59 anos e residentes na capital, a física teve maior percentual (90,20%), seguida da psicológica (31,90%) e da sexual (11,40%).


Por Redação, com Poder360 - do Rio de Janeiro


A cidade do Rio de Janeiro registrou 15.267 ações de violência contra as mulheres em 2022. Do total, 10.057, ou 65,87%, eram adultas na faixa etária de 20 a 59 anos. Além disso, 63,4% eram negras, sendo 17,8% pretas e 45,6% pardas.




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Em 2022, uma mulher sofreu ao menos uma violência interpessoal a cada hora na capital fluminense

Os dados fazem parte da terceira edição do Mapa da Mulher Carioca, elaborado pela SPM-Rio (Secretaria Municipal de Políticas e Promoção da Mulher do Rio) e apresentado na última segunda-feira.


Nos tipos de violências interpessoais mais notificadas em mulheres de 20 anos a 59 anos e residentes na capital, a física teve maior percentual (90,20%), seguida da psicológica (31,90%) e da sexual (11,40%). O documento diz que não totaliza 100% porque a variável permite mais de uma opção. A cada uma hora uma mulher sofreu pelo menos uma violência interpessoal como física, sexual e psicológica.


De acordo com o levantamento, no perfil do agressor nas violências interpessoais na mesma faixa etária, 76,3% eram do sexo masculino e 64,3% parceiros íntimos e pessoas conhecidas. A maior parte desse percentual (52,9%) é formada por cônjuge, ex-cônjuge, namorado, ex-namorado. Outros 11,4% eram pessoas conhecidas.



Estupros


A faixa etária até 11 anos foi a que teve mais vítimas de estupro (38%). Na sequência, 12 a 17 anos (25%). Em 86,7% dos casos, as ocorrências foram na residência.



Crianças


Nas 19.808 notificações de violência dentre os residentes na capital, 2.773 (14%) foram contra crianças com idade até 9 anos. Foram 1.489 (53,70%) do sexo feminino e 1.284 (46,30%) do sexo masculino. Em cada 10 crianças, 6 eram negras.


“Ao analisar as notificações de violências ocorridas nas faixas etárias de 1 a 4 anos (1.308) e 5 a 9 anos (954), é possível observar a prevalência de violência contra meninas (713 e 536, respectivamente). Somente nas notificações de menores de 1 ano (511), o sexo masculino foi a maioria (271)”, segundo o levantamento.



Mulheres com deficiência


A violência contra mulheres com deficiência intelectual responde por 70% das notificações na parcela referente a mulheres com deficiência. Conforme pesquisa de saúde do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizada em 2019, a maioria das pessoas com deficiência no Brasil é formada por mulheres (10,5 milhões), enquanto os homens são 6,7 milhões. O perfil de uma pessoa com deficiência mostrou que mais da metade das notificações de violência (60%) foi relacionada a mulheres.



Pessoa idosa


Já em relação à pessoa idosa, a violência é equivalente a três notificações por dia, o que representa uma notificação a cada 8 horas. A residência é o principal local da ocorrência (71,4%).


No total de notificações de violência registradas no ano passado, 1.196 (6%) foram contra pessoas idosas de 60 anos de idade ou mais.



Feminicídios


Os dados do ISP-RJ (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro) mostram alta nos casos de feminicídios de 2020 para 2022 na capital. No 1º ano, foram 18, no seguinte, 25, e no último, 35. Ao menos 60% dos casos ocorreram em casa.


Dentre as vítimas, a maioria (48,57%) era parda e 40% casadas ou viviam junto. Por nível de escolaridade, 14,29% tinham 2º grau completo. Na relação com o agressor, 40% eram os companheiros.



Regiões


O IPS (Índice de Progresso Social) é calculado pelo IPP (Instituto Pereira Passos) a cada 2 anos. Mensura o progresso social em diversas regiões do município. Em 2022, mostrou que as regiões de Guaratiba, na Zona Oeste, e o centro tiveram as taxas mais alarmantes, com índices de violência contra a mulher acima de 500 por 100 mil habitantes.


Essas regiões, junto à Portuária e os bairros de Santa Cruz e da Barra da Tijuca, permanecem entre os 5 piores resultados desde a 1ª do IPS, em 2016.


“As regiões administrativas localizadas na área central e, especialmente, na Zona Oeste, são as que enfrentam os maiores desafios nesse contexto. Esses locais representam um espaço onde as políticas de proteção e promoção da mulher podem ter um maior destaque, visando à redução desses crimes”, diz o IPS.


Rendimento


A diferença salarial também foi apontada pelo levantamento. No 1º trimestre de 2023, as mulheres residentes na capital tinham um rendimento mensal em todos os trabalhos de R$ 4.290, enquanto os homens recebiam R$ 5.496 no mesmo período.


Situação de rua


O Censo da população em situação de rua em 2020 e em 2022, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social, com apoio do IPP e da SMS-Rio, contabilizam 7.865 pessoas nesta condição, sendo que 1.377 eram do sexo feminino. Representa alta de 1,3% na comparação com o recenseamento anterior, quando 578 pessoas se identificaram como mulheres cis, 39 mulheres trans e 17 travestis.


A maior concentração das pessoas em situação de rua estava no centro da cidade. Aproximadamente 70% estavam na faixa de 18 a 49 anos, 64% tinham ensino fundamental incompleto e 81,7% se autodeclararam pretas ou pardas.


A terceira edição do Mapa da Mulher Carioca foi apresentada durante a 22ª Conferência do OIDP (Observatório Internacional da Democracia Participativa 2023), cujo tema foi “Democracia Participativa para Cidades Diversas, Inclusivas e Transparentes”.




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