No Rio de Janeiro, o Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto (HMNSLoreto), na Ilha do Governador, se destaca como o único centro de referência credenciado pelo Ministério da Saúde para o tratamento multidisciplinar das fissuras labiopalatinas no estado, prestando assistência durante toda a infância e a adolescência.
Por Redação, com ACS - de Rio de Janeiro
No Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, celebrado neste sábado, a Secretaria Municipal de Saúde reforça a importância do acesso ao tratamento e à reabilitação dessa malformação congênita caracterizada por uma abertura no céu da boca e/ou fissura no lábio superior, que pode ser diagnosticada ainda na gravidez ou após o nascimento.
No Rio de Janeiro, o Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto (HMNSLoreto), na Ilha do Governador, se destaca como o único centro de referência credenciado pelo Ministério da Saúde para o tratamento multidisciplinar das fissuras labiopalatinas no estado, prestando assistência durante toda a infância e a adolescência.
No Brasil, estima-se que a cada 650 nascimentos uma criança tenha fissura labiopalatal. O início precoce do tratamento, já nos primeiros dias de vida, é fundamental. A primeira consulta dos bebês pode ser agendada pela própria maternidade, pela clínica da família em caso de alta na maternidade, ou pela unidade de saúde do município de origem por meio do Sistema de Regulação (SISREG). Por ser um centro de referência, cerca de 50% dos pacientes do Centro de Tratamento de Fissuras Labiopalatais (CEFIL) são de outras cidades ou estados.
São ofertadas cerca de 24,4 mil consultas por ano e não há fila de espera para o procedimento, como reforça a diretora do HMNSLoreto, Ana Cláudia Cruz:
– É importante ressaltar que hoje no município não há fila de espera no SISREG para cirurgia e consulta de tratamento das fissuras labiopalatinas. Nós temos uma quantidade de consultas abertas superior à expectativa dos nascidos vivos mensal. Quando a fissura pode ser diagnosticada durante a gravidez, ainda nas consultas de pré-natal, a gestante já pode ser acolhida no nosso centro. Se for diagnosticado no nascimento, o bebê deve ser encaminhado direto da maternidade. É muito importante fazer o acompanhamento desde o início para um tratamento mais eficaz.
De acordo com Ana Cláudia, a fissura labiopalatina pode ser causada por questões ambientais relacionadas à gestação ou a fatores genéticos:
– A maior causa da fissura labiopalatina pode estar relacionada, cientificamente, ao fator ambiental, provocado pela perda de nutrientes no primeiro trimestre da gestação. Além da ingestão de medicamentos, álcool, drogas e cigarro durante este período. Mas a fissura também pode estar ligada ao fator genético.
Daniele Carneiro, de 29 anos, e Valentina do Carmo, de 7, são mãe e filha fissuradas, e que também já têm outros familiares com a mesma condição. As duas são moradoras da Ilha do Governador e compartilham a mesma história de tratamento no HMNSLoreto.
– Estou aqui desde os meus 12 anos e, agora, com a minha filha. É um lugar muito bom, a Valentina é uma criança normal, que se comunica, vai à escola e isso se deve ao tratamento que ela vem fazendo desde o início – conta Daniele.
Início precoce do tratamento
O início precoce do tratamento, já nos primeiros dias de vida, é fundamental para o andamento de todo o processo. O recém-nascido recebe uma prótese e passa a ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar no CEFIL, recebendo cuidado integral com tratamento de ortodontia, fonoaudiologia, psicologia, cirurgia plástica, entre outras especialidades. Em geral, o paciente passa por uma série de cirurgias, sendo a primeira entre o 5º e 6º mês – o ideal é que esteja com, no mínimo, 6kg – aumentando a chance de sucesso e evitando que a criança cresça com traumas por causa do problema. Após a cirurgia de correção, o paciente tem acompanhamento cirúrgico até os 17 anos, em média, e ambulatorial permanente, também na idade adulta.
O estudante Renan Ruivo, de 25 anos, foi diagnosticado ainda na barriga da mãe com uma fissura no lábio direito. No início, a mãe, Silvia Ruivo, moradora de São Gonçalo, não sabia do que se tratava e precisou buscar informações, até que um pediatra indicou o HMNSLoreto como referência. Renan fez a primeira cirurgia aos seis meses de idade e, mesmo sendo morador de outro município, fez todo o acompanhamento odontológico na unidade, até 17 anos. Após o tratamento, o estudante ainda continuou o tratamento no CEFIL. Hoje, com a dentição corrigida e fala perfeita, o jovem já não sente mais as consequências deste problema. Mãe e filho atribuem esse sucesso aos profissionais que passaram pela vida deles.
– É um processo longo e uma luta diária. Passei mais de 20 anos da minha vida vindo ao Loreto, mas valeu a pena seguir o tratamento. Há 25 anos não tínhamos tanta informação, e a equipe deu muito suporte e acolhimento necessários para mim e minha mãe. Sou muito grato por todo o acompanhamento que eu recebi durante todos esses anos – diz Renan, que em visita à unidade reencontrou o Dr. Akkneiw, com quem fez acompanhamento odontológico no final do tratamento.