De acordo com o balanço, a invasão da facção "Comando Vermelho" a áreas dominadas por décadas pela milícia teve como principal palco de confrontos a Gardênia Azul, em Jacarepaguá. A região acumulou nove tiroteios no último mês, sendo dois deles durante disputas entre tráfico e milícia.
Por Redação, com Brasil de Fato e ABr - do Rio de Janeiro
O relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado divulgado na quinta-feira apontou que o primeiro mês do ano foi marcado pela disputa entre grupos armados por controle territorial na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Foram registrados 12 tiroteios durante a conflitos entre milícias e facções do tráfico em janeiro, dos quais a zona oeste concentrou nove tiroteios, cinco mortos e dois feridos.
De acordo com o balanço, a invasão da facção "Comando Vermelho" a áreas dominadas por décadas pela milícia teve como principal palco de confrontos a Gardênia Azul, em Jacarepaguá. A região acumulou nove tiroteios no último mês, sendo dois deles durante disputas entre tráfico e milícia, três em ações e operações policiais e quatro não tiveram a motivação identificada.
Outra comunidade afetada pelas invasões foi a Cidade de Deus, localizada ao lado da Gardênia Azul. Foram sete tiroteios em janeiro, um deles em disputas entre grupos armados.
A Muzema, escolhida há um ano para receber o programa de segurança pública do governo do estado Cidade Integrada, teve quatro tiroteios, sendo dois deles em disputas. Já em Curicica, foram quatro tiroteios, um deles em disputa entre grupos armados.
Conflitos entre tráfico e milícia na região metropolitana no Rio resultaram em 14 pessoas baleadas. Entre as vítimas, uma foi morta e outra ficou ferida ao serem atingidas por balas perdidas. Outras três foram vítimas de chacinas.
Segundo a base de dados Mapa dos Grupos Armados, do Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), a milícia controla 49,9% das áreas dominadas por grupos armados no Rio de Janeiro.
– Dados são fundamentais para se construir políticas públicas que de fato sejam eficazes para trazer segurança à população. Falar sobre os grupos armados, sobre os conflitos entre tráfico e milícias, é um obstáculo para o governo do estado, que não divulga dados sobre essas disputas – avalia Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.
Vítimas
Em relação ao último mês, o número de tiroteios na região metropolitana do Rio representou um aumento de 29% na comparação com janeiro de 2022. Do total de 294 tiroteios mapeados em janeiro, 39% (114) deles ocorreram em ações ou operações policiais.
Ao todo, 164 pessoas foram baleadas: 81 delas morreram e 83 ficaram feridas. Em comparação com janeiro do ano passado, que concentrou 122 baleados, sendo 64 mortos e 58 feridos. Neste ano, janeiro teve aumento de 27% no número de mortos e de 43% no número de feridos.
Falso médico
Policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) do Rio de Janeiro prenderam, na noite de quarta-feira, um falso médico, de 38 anos, identificado como Jonny Teixeira Carreiros, que faria parte de um esquema que fraudava registros no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) para alunos de uma universidade federal da Bahia.
A prisão ocorreu em flagrante em frente a um hospital no bairro da Tijuca, Zona Norte da capital, quando o falso médico chegava em uma ambulância, acompanhando um paciente que havia sido transferido de um hospital de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Depois de ser abordado, o falso médico acabou confessando o crime. A ação contou com o apoio de funcionários do Conselho Regional de Medicina do Rio.
De acordo com as investigações, o acusado atuava com o registro cancelado por fraude. Ainda segundo os agentes, algumas pessoas conseguiram o documento de forma provisória, antes que a fraude fosse descoberta, e vinham exercendo ilegalmente a profissão.
O homem foi conduzido para a delegacia especializada e autuado por exercício ilegal da medicina. As investigações continuam para identificar outros integrantes do grupo, além de apurar o envolvimento deles na assistência de traficantes de drogas do Rio..
Em nota, o Cremerj destaca que acompanhou, na noite de ontem, a prisão de Jonny Teixeira Carreiros, que se apresentava como médico, apesar de não ter um CRM válido. “A ação contou com a participação do CRM/RJ, não só no momento da prisão, mas também durante o levantamento responsável por identificar o detido e determinar onde, quando e como ele trabalhava. Sem isso, sua captura seria muito difícil”, disse o delegado Rodrigo Coelho, titular da DRE.
Polícia Federal
A Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal também realizou uma operação, chamada Catarse, na manhã de quinta-feira, para desarticular um esquema criminoso especializado em falsificação de diplomas para o curso de medicina.
Para isso, foram emitidos 11 mandados de busca e apreensão, que estão sendo cumpridos nas cidades do Rio de Janeiro, de Belford Roxo, de Teresópolis e de Montes Claros (em Minas Gerais). Já foram apreendidos celulares, carimbos e documentos com indícios de falsificação.
As primeiras prisões por parte da Polícia Federal, que resultaram nesta operação, ocorreram em abril de 2022, após uma denúncia do Cremerj. O conselho chamou a Polícia Federal após perceber indícios de documentação falsa para a inscrição de dois CRMs. Na ocasião, as duas pessoas estavam na sede do Cremerj e foram presas.
O conselho informou que, desde então, está à disposição das autoridades policiais e que vem colaborando com a Polícia Federal e com a Polícia Civil a fim de coibir essas práticas criminosas . Para o Cremerj, todas as ações que visem garantir a segurança da população, dos médicos e dos demais profissionais de saúde são fundamentais e prioritárias.