A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, iniciou nesta sexta-feira uma viagem ao Japão que tem como tema central a tentativa de retomar as negociações sobre o programa nuclear da Coréia do Norte, suspensas desde junho.
Depois do Japão, para onde embarca na sexta, Rice passará por Coréia do Sul e China. Ela tentará consolidar uma estratégia comum com esses três países, a despeito das diferenças táticas entre eles.
A Coréia do Norte, que no mês passado admitiu ter pelo menos uma bomba atômica, cita diferentes razões para se afastar da mesa de negociações. O regime comunista também cobra um pedido de desculpas de Rice por ela ter chamado a Coréia do Norte de "posto avançado da tirania".
Ela deu a entender que tal pedido não acontecerá.
- Não vou entrar em um debate semântico com a Coréia do Norte. Há muita coisa em jogo aqui para os norte-coreanos, e eles realmente deveriam voltar às negociações e parar de tentar mudar de assunto - disse ela à ABC News na noite desta quinta-feira, em Islamabad, uma das escalas da sua primeira viagem à Ásia no cargo.
Os Estados Unidos vêm rejeitando os apelos de seus parceiros asiáticos para demonstrar mais flexibilidade com a Coréia do Norte, a fim de atraí-la para as negociações. Washington por sua vez quer que esses parceiros, especialmente a China, usem sua influência sobre Pyongyang.
A oposição democrata critica o presidente George W. Bush por não ter evitado, por meio das negociações, que a Coréia do Norte criasse um arsenal nuclear. Após três lentas rodadas de negociações e meses de paralisação provocada pelos norte-coreanos, Christopher Hill, apontado por Rice para ser seu homem de confiança na região, disse nesta semana que "é preciso haver progressos, ou teremos que ver outras formas de lidar com isso."
Alguns radicais do governo Bush querem romper as negociações, que envolvem também China, Japão, Coréia do Sul e Rússia, para confrontar e isolar a Coréia do Norte, submetendo-a a sanções da ONU.
No Japão, Rice também vai pressionar Tóquio a suspender o embargo à importação de carne norte-americana, imposto em 2003 devido ao surgimento de um caso do mal da vaca louca nos EUA. Normalmente, os norte-americanos exportam o equivalente a 1 bilhão de dólares em carne por ano para o Japão.
A secretária não deve obter uma resposta imediata do governo japonês, que em outubro autorizou o embarque de animais jovens dos EUA. "A Comissão de Saúde Alimentar adota uma posição neutra e justa, e portanto não podemos forçá-los a tomar uma decisão com data marcada", disse o ministro japonês da Agricultura, Yoshinobu Shimamura.
Por outro lado, o Japão deve manifestar a Rice sua preocupação com a escalada militar chinesa, opinando que ela deve ser contrabalançada por alianças como a que existe entre EUA e Japão. Os dois países estão particularmente preocupados com as ameaças da China contra Taiwan.
No mês passado, o Japão declarou que compartilha um objetivo de segurança com os EUA.
- Encorajar a resolução pacífica das questões relativas ao estreito de Taiwan por meio do diálogo - disse a declaração.
A China, que considera Taiwan uma "província rebelde" e ameaça invadi-la caso haja uma declaração formal de independência, criticou a resolução japonesa, dizendo que ela interfere em assuntos internos chineses.