O primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, concordou em permanecer no cargo por enquanto, três dias depois de ter renunciado devido à recusa do presidente Yasser Arafat em realizar reformas, disseram autoridades nesta terça-feira.
Um assessor próximo de Arafat afirmou que Qurie havia retirado seu pedido de renúncia em uma reunião de emergência do gabinete, no quartel-general de Arafat, em Ramallah.
Mas outros presentes ao encontro afirmaram que Qurie aceitou apenas dirigir um governo interino, dando sinais de que não ficará por muito tempo no cargo.O dirigente partiu rapidamente depois da reunião, recusando-se a falar com os repórteres. Não foi possível esclarecer com certeza a sua posição dentro da liderança palestina.
O político convocou a reunião de gabinete para discutir formas de superar a crise detonada por conflitos entre palestinos na Faixa de Gaza, em meio a exigências de que se realizem reformas na liderança palestina, acusada de corrupção e incompetência.
Os participantes do encontro disseram que a principal questão foi a exigência de Qurie de que Arafat concedesse poderes ao ministro do Interior, a fim de que se realize uma reforma nos serviços de segurança palestinos, atualmente divididos em diversas agências que respondem ao presidente. Arafat recusou-se a fazer isso no passado.
O presidente de 75 anos substituiu chefes de segurança na segunda-feira depois de uma nova onda de violência provocada por militantes do movimento Fatah, que exigem medidas para punir a corrupção.
Alguns temem que a crise, o pior desafio à liderança de Arafat desde que os palestinos ganharam relativa autonomia na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, possa desembocar em uma guerra civil.
Nas primeiras horas desta terça-feira, helicópteros israelenses feriram dois palestinos em um ataque com míssil contra a casa de Abu Youssef al-Quka, chefe das Comissões Populares de Resistência, no campo de refugiados de Shati, na Faixa de Gaza. Não se sabe se Quka foi atingido. Nos últimos anos, Israel realizou vários ataques aéreos contra líderes militantes, assassinando dezenas deles.