A queda da inflação marcará o giro do calendário para o segundo semestre que tem início com novas projeções de inflação e de crescimento econômico apresentadas pelo Banco Central (BC) no Relatório de Inflação.
Os principais índices, sobretudo de preços no atacado, saltaram em março e abril sob forte pressão dos alimentos e administrados, mas os excessos começaram a ser devolvidos em maio.
Esse movimento se estendeu aos índices de preços no varejo e é grande a expectativa de que o fechamento do primeiro semestre seja coroado por variação zero do IPCA (referência da política de metas de inflação do BC).
Bancos e consultorias esperam IPCA zerado ou até negativo em junho. O Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Andima anunciou na sexta-feira previsão de alta de 0,06%. O dado oficial, monitorado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sai na primeira semana de julho.
Mas a terceira leitura do IPC-Fipe de junho poderá puxar as comemorações porque este índice deve exibir a deflação anunciada no atacado. A rápida convergência da inflação para níveis próximos ao centro da meta fixada pelo BC (5,1% para 2005) surpreende e apressa a revisão de projeções.
Embora fora da meta central, a inflação mostrará progressos. - A cada ano, o BC vem entregando inflação menor e a um custo talvez relativamente baixo porque a economia pode crescer menos que o esperado. Mas vai crescer - afirma Eduardo Marques, economista do Opportunity Asset.
CENTRO DA META FORMA EXPECTATIVA
Adauto Lima, economista do WestLB Brasil, já considera IPCA de 5,9% este ano e alerta para a possibilidade de a inflação estar rondando 5% em dezembro.
- O centro da meta não será alcançado, mas estará muito próximo. Outro dado importante é o nível dos IGPs que deve ser inferior a 5 por cento no fim do ano, sinalizando um super impacto positivo nos preços administrados em 2006.
O economista considera indiscutível a relevância da definição de metas de inflação e comenta pesquisa do Banco da Inglaterra que mostra que 70% das expectativas de inflação são formadas em cima do centro da meta oficial.
CENÁRIO FAVORÁVEL
Eduardo Marques, do Opportunity, destaca a velocidade com que a inflação está buscando o centro da meta e lembra que um conjunto de fatores favorece o cenário ainda não prejudicado pela crise política.
- A política monetária já atinge, sem dúvida, o nível de atividade, a resistência dos índices e das expectativas foi quebrada e o fortalecimento do real frente ao dólar tem dado grande colaboração para o arrefecimento dos preços no atacado num primeiro momento e, depois, no varejo.
Ele não vê, contudo, variações de IPCs próximas de zero durante meses seguidos, até porque as variações negativas dos preços agrícolas estão cada vez menores.
PRUDÊNCIA E ATENÇÃO COM PETRÓLEO
Eduardo Marques concorda que o segundo semestre pode ser pautado pelo arrefecimento mais prolongado dos índices de inflação, mas alerta para o petróleo no mercado internacional.
Ele identifica defasagem estimada em torno de 10% entre os preços doméstico e internacional da gasolina, considerando a hipótese da cotação externa continuar rondando 60 dólares o barril.
- Se o preço externo ficar neste nível e aumentar a certeza (do mercado e do BC) de que o IPCA pode fechar o ano em torno de 6 por cento, o governo deveria tomar a iniciativa de reajustar os combustíveis.
O economista comenta que, por prudência, o reajuste poderia ocorrer do terceiro para o quarto trimestre porque um ajuste neste momento não contaminaria os índices de 2006.
VANTAGEM NO FUTURO
O efeito da apreciação cambial sobre os preços no atacado explica a expectativa com a manutenção da Selic em 19,75% por tempo mais prolongado ou até a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro.
Um corte rápido do juro levaria a uma depreciação do real e
Queda da inflação marca virada do semestre
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Segunda, 27 de Junho de 2005 às 07:20, por: CdB