A grande variedade de documentários produzidos atualmente no Brasil é o maior sinal de cansaço da arte cinematográfica nacional. A produção aumenta porque as novas tecnologias barateiam o processo fazendo com que qualquer um, cineasta ou não, registre alguma história não ficcional. De resto, vemos uma enxurrada de fitas de péssima qualidade (temática e de captação) que inundam os cinemas e mostras.
A TV não poderia ser poupada dessa febre de documentários. O Canal Brasil, por exemplo, vai passar a apresentar um programa de docs com o crítico paulista Amir Labaki. O nome é o mesmo do já tradicional festival do próprio crítico, É tudo verdade. Mas, nem tudo é verdade, como observou Sganzerla em um de seus filmes sobre Orson Welles no Brasil. E a saturação desses documentários é a pior forma de exercitar uma possível aceitação do brasileiro a seu cinema. A desculpa do lado de lá é ainda pior. Se não é bom ver a realidade maquiada em ficção, para que ver em formato realista?
O que se passa é uma pobreza atroz em filmes como Motoboys vida louca (em cartaz no Festival do Rio) e Fala tu. Ou ainda, uma pancada de docs sobre personalidades (Pelé, Evandro Teixeira, Ziraldo, Thomas Farkas, entre outros). Não se sabe o que vai acabar primeiro, as celebridades ou os temas.
Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024
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