“Eu queria fazer ajuste fiscal era na rentabilidade dos banqueiros desse país, que ganham dinheiro especulando na Bolsa de Valores todo santo dia”, disse Lula.
Por Redação, de Belo Horizonte
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a garantir que não prejudicará os benefícios da população mais pobre para equilibrar as contas públicas. Lula participou de uma solenidade na capital mineira, nesta manhã.
— Vem um jornalista me perguntar ‘mas Lula, você não acha que estão gastando demais? O salário mínimo já aumentou duas vezes’. Gente do céu. O mínimo é o mínimo. O nome já diz. Não tem nada mais mínimo do que o mínimo. Como eu posso discutir fazer ajuste fiscal em cima do mínimo do mínimo? — questionou.
Em seguida, o presidente disse o que pensa.
— Eu queria fazer ajuste fiscal era na rentabilidade dos banqueiros desse país, que ganham dinheiro especulando na Bolsa de Valores todo santo dia. Não vou mexer nas pessoas mais humildes. As pessoas mais humildes o Estado tem que cuidar delas — afirmou.
Inflação
Segundo o presidente, “o cidadão de classe média não precisa do Estado. O cara que tem casa, carro, que é bem casado, que tem uma família, os filhos estudando numa escola boa, ele não precisa do governo”.
— O governo precisa olhar para quem precisa — acrescentou.
Durante a entrevista concedida, logo após o encontro, Lula destacou que sua política para o salário mínimo inclui a recomposição inflacionária, o que mantém o poder de compra dos trabalhadores, além de acrescentar a média do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos dois anos.
— Estou dando a média do crescimento do PIB dos últimos dois anos. Então, se crescer 3% este ano, eu vou dar 6% de aumento, isso hipoteticamente — pontuou.
Juros altos
Para Lula, ao comentar a questão dos juros altos, em vigor no país, o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, está ‘ideologicamente alinhado’ com Jair Bolsonaro (PL) e que irá indicar uma “pessoa responsável” para comandar a instituição a partir de 2025.
— É importante lembrar que ele pensa ideologicamente igual ao governo anterior. E é importante lembrar que eu acho que ele não está fazendo o que eu acho que deveria ter feito. Mas, de qualquer forma, ele tem um mandato e até dezembro ele é presidente do Banco Central, e somente a partir daí eu vou escolher o presidente do Banco Central — ponderou.
Segundo o líder brasileiro, ele escolherá para o cargo “alguém que seja responsável, e a pessoa que é responsável o presidente não vai ficar dando palpite, ‘abaixa o juro, aumenta’. Não”.
— O presidente tem que confiar que a pessoa que está lá tem competência para fazer as coisas. É isso que a gente tem que fazer. E já foi assim. Eu não sou um estranho no ninho. Eu sou um cara que já foi presidente oito anos e fui considerado o melhor presidente da história desse país — pontuou.
Dilma
Lula também criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que manteve a taxa básica de juros (Selic) em 10,5%, segundo patamar real mais alto do mundo.
— Não tenho preocupação de ficar brigando com a taxa de juros. Eu sei que a taxa é um instrumento para você tentar evitar o excesso de consumo, controlar a inflação. Mas espera aí, a inflação está controlada, está a 4%, dentro da meta. O Brasil tem um colchão de reserva de R$ 355 bilhões, que foi nós que fizemos, eu e Dilma (a presidenta deposta Dilma Rousseff). Então não tem necessidade de os juros estarem desse tamanho — resumiu.
Campos Neto, que foi indicado por Jair Bolsonaro para comandar o Banco Central, é visto como um proponente de políticas monetárias conservadoras, incluindo manter taxas de juros altas para controlar a inflação.