Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Proprietário de boate LGBT é preso por ‘extremismo’ na Rússia

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Segunda, 01 de Abril de 2024 às 10:56, por: CdB

Em mais um capítulo do aumento da repressão contra minorias sexuais na Rússia, proprietário de boate LGBT foi detido após regime adicionar "movimento internacional LGBT" a lista de grupos extremistas e terroristas.


Por Redação, com DW - de Berlim


O proprietário de uma boate LGBT na cidade russa de Oremburgo foi detido pelas forças de segurança do país por "extremismo", informou a rede de direitos humanos OVD-Info no domingo, em mais um capítulo da crescente repressão do regime de Vladimir Putin contra minorias sexuais.




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Autoridades russas vêm fechando cerco à comunidade LGBT há uma década, mas repressão acelerou desde o início da Guerra na Ucrânia

Segundo a organização, ele foi detido há três dias em um aeroporto de Moscou e tem sido mantido sob custódia pelas autoridades com dois de seus funcionários. Todos foram oficialmente acusados de atuar em cumplicidade com que as autoridades russas chamam de "movimento internacional LGBT" e de "promover relações sexuais não tradicionais entre os frequentadores do bar".


Os dois funcionários, um gerente e um diretor artístico, já haviam sido presos na primeira quinzena de março, quando a polícia efetuou uma batida no local, chamado Club Pose, durante um show de drags queens. 


Na ocasião, circularam vídeos de clientes e funcionários do estabelecimento sendo humilhados pelos policiais, com alguns sendo forçados a encostar o rosto no chão. Drags tiveram suas perucas e roupas confiscadas. Segundo a ONG Anistia Internacional, os policiais contaram com o auxílio de membros de um grupo ultranacionalista durante a operação. Na ocasião, ativistas homófobicos e apoiadores do Kremlin elogiaram a ação contra o estabelecimento de Oremburgo, que fica a 1.300 km a sudeste de Moscou.


Se forem considerados culpados, o dono e os funcionários arriscam serem sentenciados a até 10 anos de prisão.


– É particularmente repreensível que membros de um grupo nacionalista russo tenham sido autorizados a ajudar a polícia na invasão do show de drags na boate Pose em Orenburg, sudoeste da Rússia, no início deste mês. Essa cooperação entre as autoridades policiais e ativistas nacionalistas promove um ambiente de impunidade para ataques homofóbicos e transfóbicos e instiga um clima de medo entre as pessoas LGBTI – disse Natalia Zviagina, diretora da Anistia Internacional para a Rússia.



Repressão crescente


Esse é o primeiro processo criminal contra membros da comunidade LGBT russa desde que a Suprema Corte do país - controlada pelo regime - acatou em novembro um pedido do Ministério da Justiça e determinou que os ativistas ou membros da comunidade LGBTQ+ deveriam ser designados como "extremistas".


– O que as pessoas LGBTI e os ativistas de direitos humanos temiam desde o final do ano passado finalmente aconteceu, as forças policiais russas, encorajadas pela vergonhosa decisão da Suprema Corte que declarou um ‘movimento LGBTI internacional' inexistente como ‘extremista', agora abriram seu primeiro caso de ‘extremismo' relacionado á causa LGBTI – disse Zviagina.


No dia 22 de março, o regime de Putin também acrescentou oficialmente o que chamou de "movimento internacional LGBT" a uma lista de organizações extremistas e terroristas. A agência estatal de notícias RIA disse que a designação se aplica ao "movimento social LGBT e suas unidades estruturais".


A lista é administrada pela agência Rosfinmonitoring, que tem poder para congelar contas bancárias de pessoas ou grupos designados como "extremistas" ou "terroristas".



O regime contra os direitos civis


Como parte de uma cruzada liderada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em prol do que ele considera valores familiares em oposição à "decadência" dos costumes ocidentais, as autoridades russas adotaram na última década uma série de restrições a expressões referentes a orientação sexual e identidade de gênero.


Moscou vem aumentando a repressão às liberdades civis no país desde o início de sua invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Naquele mesmo ano, Moscou proibiu o que chamou de "propaganda gay" entre adultos e tornou ilegal o uso de expressões referentes a "relações sexuais não-tradicionais" em público e na mídia. Em 2013, essas expressões já haviam sido banidas junto aos menores de idade.


Também em 2022, a Rússia ampliou as restrições aos chamados "agentes estrangeiros", o que tornou mais fácil para o governo fechar o cerco contra ONGs e portais de internet que recebem qualquer tipo de apoio vindo do exterior.


No ano passado, a Rússia baniu as cirurgias de redesignação sexual. O presidente da Duma (Parlamento russo) qualificou essa prática como "o caminho para a degeneração".


Desde o recrudescimento da repressão na Rússia, veículos independentes de imprensa, como o jornal Novaya Gazeta e o portal Medusa, foram fechados pelas autoridades ou forçados ao exílio.




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