Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Professora dos EUA cria programa com filhotes para estimular a leitura

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Terça, 05 de Março de 2024 às 08:47, por: CdB

Uma professora dos Estados Unidos decidiu inovar nas aulas para a turma de 1ª série, levando cachorrinhos para estimular as crianças a lerem. Segundo ela, a inspiração para a iniciar o programa de leitura veio após ela começar a cuidar de filhotes durante a pandemia de covid-19, em 2020, usando sua própria casa como abrigo.

Por Redação, com agências internacionais - de Washington

Uma professora norte-americana resolveu inovar durante as aulas para a turma da primeira série, levando cachorrinhos para a classe como forma de estimular as crianças a ler. A docente Brooke Hughes trabalha há 12 anos com crianças que estão iniciando no ensino fundamental, em Wilmington, Delaware, no Estados Unidos.

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A docente Brooke Hughes trabalha há 12 anos com crianças que estão iniciando no ensino fundamental no Estados Unidos

Segundo ela contou ao site Good Morning America, a inspiração para a iniciar o programa de leitura veio após ela começar a cuidar de filhotes durante a pandemia de covid-19, em 2020, usando sua própria casa como abrigo.

– Eu simplesmente não conseguia parar de pensar em todos os benefícios incríveis que os filhotes poderiam trazer para a sala de aula – afirmou Brooke. "Isso poderia proporcionar tanto suporte para a saúde mental quanto suporte para a leitura, não apenas para os alunos, mas também para os funcionários", disse.

Ela chamou o projeto de Foster Tales Puppy Therapy (Terapia de histórias com filhotes para adoção, em tradução livre para o português). A iniciativa saiu do papel oficialmente em janeiro de 2023, após um teste de um dia, liberado pela diretora do colégio.

– Ela permitiu que eu trouxesse três filhotes por um dia para ver como seria e foi incrível. Trouxe muita alegria para a escola – contou Brooke. "Os animais elevaram o ânimo de todos e, desde então, não tivemos muitos dias sem filhotes em nossa escola", contou.

Desde o início do programa de Brooke, a Hanby Elementary School recebeu mais de 50 filhotes para adoção, geralmente com idade entre 6 e 12 semanas, vindos de uma organização sem fins lucrativos que resgata animais na Pensilvânia.

Como funciona o programa?

Brooke criou um site para contar sobre a iniciativa e estimular outras escolas (e até mesmo empresas) a seguirem o exemplo do seu programa-piloto. Os pais dos alunos e alguns funcionários da escola se inscrevem para abrigar e cuidar dos filhotes durante as noites e aos fins de semana. Durante o dia, os bichinhos ficam na escola e participam das atividades com as crianças.

A ONG Rags 2 Riches Animal Rescue é responsável pelos custos financeiros e de todas as necessidades dos cães enquanto eles ficam, temporariamente, com as famílias da Hanby Elementar School. A boa notícia é que, em algumas semanas, os pets acabam sendo adotados definitivamente.

– Chamo isso de ganha-ganha. Os funcionários se beneficiam porque gostamos de vir para a escola com filhotes; os alunos se beneficiam aprendendo muitas habilidades para a vida; os filhotes se beneficiam porque saem do abrigo e são amados completamente; já o abrigo de animais se beneficia porque estamos liberando mais um lugar para que outro cachorro possa ser resgatado e salvo. Então, é uma vitória de quatro vias – destacou a professora.

De acordo com informações do site USA Today, a sala de aula da professora é espaçosa e possui um cercado feito de arame, que acomoda confortavelmente várias crianças e os pets. É neste local que os alunos ficam e leem para os filhotes. “Tenho de dois a três alunos por vez brincando, acariciando e lendo para os cachorros no cercadinho”, disse Brooke em seu site.

Ela também explicou que ensina regras básicas de segurança e comunicação animal para os pequenos, além de técnicas de manejo e protocolos de lavagem das mãos. E tem mais: os estudantes não podem perturbar os filhotes enquanto eles estão dormindo.

Além disso, há regras e um momento certo para que a interação entre as crianças e os animais aconteça. "Nossa produtividade aumentou porque [os alunos] precisam concluir toda a sua tarefa para terem tempo com os filhotes", afirmou a professora.

Resultados

Em seu site, a professora destacou um estudo publicado pelo National Institutes of Health (NIH), que afirma que ter um cachorro presente na sala de aula promove um humor positivo e proporciona efeitos antiestresse significativos no corpo.

– O simples ato de acariciar um cachorro tem o efeito de reduzir a pressão arterial e a frequência cardíaca. A terapia com filhotes também reduz os hormônios do estresse, como o cortisol, e aumenta a ocitocina. A redução dos sentimentos de ansiedade e depressão permite que eles se concentrem no aprendizado. Quem não gostaria de trabalhar duro em troca de abraços de cachorrinhos? – escreveu a professora na página.

Um ano após o início do programa, já é possível notar diversos benefícios para as crianças de 6 anos que participam das atividades com os pets. "Estamos coletando dados sobre as notas de leitura do outono para a primavera, comparadas a outros anos, em que não tivemos filhotes. E, apenas do outono para o inverno, notamos um aumento de quase 32%", celebrou a docente.

Ela também destacou que seu programa experimental envolvendo cachorros para adoção e leitura tem motivado as crianças a se interessarem mais pelos livros e a praticarem suas habilidades com mais frequência.

– Qual a melhor maneira de praticar sua leitura do que para um ouvinte confuso, aconchegante e sem julgamentos? Ler para um filhote não apenas melhora a fluência e a compreensão da leitura, mas também aumenta a autoestima e a confiança (das crianças) – pontuou Brooke em seu site.

– Até mesmo as crianças que têm dificuldade em ler e não queriam pegar um livro e estavam frustradas, agora mal podem esperar para ler para os filhotes – revelou. "Os filhotes não se importam se você fica preso em uma palavra. Os filhotes não se importam se você tentar ler uma palavra ou frase por cinco minutos. Eles estão apenas felizes em ficar no seu colo. Então, muita confiança também surgiu desse programa", comemorou a professora.

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