Segundo os dados apresentados, entre 2003 e 2017, as vendas de produtos orgânicos no país aumentaram quatro vezes. Em 2020, a expansão foi de 30%, com o movimento de R$ 5,8 bilhões. Há, ainda, 953 certificações de orgânicos para produtos importados, de um total de 23 países, segundo dados do Mapa.
Por Redação, com BdF - de São Paulo
A pesquisa realizada por cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e recém-divulgada mostra que, apesar de o Brasil tem ampliado em cerca de um terço o volume produzido e deter um dos principais mercados agrícolas do mundo, ainda há muito espaço para a produção de alimentos orgânicos.
A pesquisa, publicada no último dia 24 na revista científica Desenvolvimento e Meio Ambiente, baseia-se em dados do Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO), realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e informações sobre consumo de pesquisas da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo os dados apresentados, entre 2003 e 2017, as vendas de produtos orgânicos no país aumentaram quatro vezes. Em 2020, a expansão foi de 30%, com o movimento de R$ 5,8 bilhões. Há, ainda, 953 certificações de orgânicos para produtos importados, de um total de 23 países, segundo dados do Mapa.
São alimentos provenientes de espécies características de outros países (como amaranto, quinoa, damasco, azeite de oliva). A pesquisa também revelou que houve aumento de 75% no cadastro de produtores de orgânicos no país em quatro anos (2017 a 2022).
Parceria
Na produção de grãos livres de agrotóxicos, o assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Aliança (PE), está entre os líderes nacionais.
— Há motivo de muita alegria. Eu nunca tinha pego um pé de arroz. Pessoalmente, só via pela televisão, e poder estar cultivando é só alegria mesmo — emociona-se a agricultora Joelma Albuquerque, do assentamento Maré, que participa de uma iniciativa que busca transformar o deserto da cana-de-açúcar em produção de alimento saudável.
Em julho deste ano, o MST iniciou uma experiência de produção de arroz agroecológico em Pernambuco. A iniciativa nasceu de uma parceria entre o movimento e o governo do Estado, por meio do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).
— Quando cheguei aqui há 18 anos, eu não conhecia nada de cultivo e plantação. Hoje, tudo o que eu sei foi através do movimento, do MST — lembra o agricultor Leodilson Soares, também do Maré, que participa da produção.
Colheita
O assentamento Maré, na Mata Norte, é um dos quatro assentamentos que fazem parte da produção experimental do arroz agroecológico. A emoção para as famílias do MST é grande. Muitas delas estão conhecendo o cultivo de de arroz pela primeira vez
— De vez em quando dava vontade até de chorar de emoção, que a gente nunca esperava, e particularmente eu, nunca esperava estar numa plantação dessa de arroz — lembra Leodilson.
O assentamento que fica no município de Aliança é uma das áreas com a produção mais avançada e organizou em novembro a primeira festa da colheita do grão fruto da parceria. Os outros assentamentos contemplados estão na região da Mata Sul, na região Metropolitana, e no Sertão.