Em fevereiro, Campos Neto havia dito que o pico de inflação no Brasil deveria ocorrer em abril ou maio. As projeções anteriores indicavam o ápice em dezembro de 2021 ou janeiro deste ano. No acumulado de 12 meses até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,73%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por Redação, com agências internacionais - de Lisboa
Presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto afirmou, nesta segunda-feira, durante o X Fórum Jurídico de Lisboa, que o pior momento da inflação no Brasil já ficou para trás e que o choque de juros será capaz de desacelerar o processo inflacionário.
Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)
— A gente ainda tem no Brasil um componente de aceleração de inflação, os últimos dois números (de inflação) foram, acho que pela primeira vez, dentro da expectativa. A gente acha que o pior momento da inflação no Brasil já passou — diz ele.
Em fevereiro, Campos Neto havia dito que o pico de inflação no Brasil deveria ocorrer em abril ou maio. As projeções anteriores indicavam o ápice em dezembro de 2021 ou janeiro deste ano. No acumulado de 12 meses até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,73%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de junho. No mês, desacelerou para 0,47%, abaixo das expectativas dos economistas.
Expectativas
A apresentação preliminar do relatório trimestral de inflação, feita na última quinta-feira, mostrou que autoridade monetária prevê que o IPCA fique em 11,31% no acumulado de 12 meses até agosto. A estimativa do BC para a inflação de 2022 é de 8,8%, acima do teto da meta (5%). Nas projeções de curto prazo, considera altas de 0,81% em junho, de 0,84% em julho e 0,33% em agosto. No trimestre, estima avanço de 1,99%.
Com a entrada dos dados de junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) passou a acumular alta de 12,04% em 12 meses ao subir 0,69%, ligeiramente acima das expectativas do mercado financeiro.
Em resposta à inflação persistente e disseminada, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou, em 15 de junho, a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano. Para o próximo encontro, em agosto, sinalizou uma nova alta de igual ou menor magnitude.
— Acreditamos que a nossa ferramenta é capaz de frear esse processo inflacionário e vai frear o processo inflacionário. A gente acha que grande parte do trabalho já foi feito — afirmou Campos Neto.
Autoridade
Segundo ele, o Brasil está próximo de finalizar o ciclo de aperto monetário, iniciado em março de 2021.
— O Brasil já está muito perto de ter feito o trabalho todo, alguns outros países estão no meio do caminho — afirmou.
No painel ‘Erosão da ordem pública internacional e o futuro’, o presidente do BC comentou também que a autoridade monetária ainda avalia quais serão os impactos das medidas de desoneração tributária aprovadas pelo governo e em tramitação no Congresso sobre a inflação.
— A gente tem algumas medidas que estão sendo desenhadas pelo governo, a gente precisa entender qual vai ser o efeito dessas medidas no processo inflacionário, ainda não está claro — concluiu.