Domingo, 02 de Dezembro de 2018 às 14:18, por: CdB
Se indiciado, o premiê Benjamin Netanyahu, de quatro mandatos, enfrentará um dos maiores desafios à sua sobrevivência política.
Por Redação, com Reuters - de Jerusalém
A polícia israelense disse neste domingo que encontrou evidências suficientes para apresentar acusações por suborno e fraude contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e sua esposa, no terceiro caso de corrupção contra o líder israelense.
Autoridades alegam que Netanyahu concedeu favores regulatórios à maior empresa de telecomunicações de Israel, Bezeq Telecom, em troca de mais cobertura positiva dele e de sua mulher no portal de notícias Walla, propriedade da companhia. Netanyahu nega qualquer irregularidade.
Se indiciado, o premiê de quatro mandatos enfrentará um dos maiores desafios à sua sobrevivência política. Apesar de seu domínio na política israelense, a mais nova recomendação da polícia ocorre logo após a maioria de sua coalizão de direita ser reduzida a apenas uma precária cadeira no Parlamento.
A decisão final se Netanyahu será indiciado ou não é do advogado-geral de Israel, que ainda avalia se acusará o premiê em outros dois casos. O posicionamento, no entanto, tende a ser divulgado nas próximas horas, o que significará uma possível alternância no poder do Estado judeu.
Estes dois outros casos estão relacionados a alegações de que Netanyahu teria aceitado presentes de empresários e de que ele tentou fazer um acordo com um diferente veículo de mídia por melhor cobertura em troca de restrições a um jornal concorrente.
A maior parte dos parceiros de coalizão de Netanyahu disse que aguardará uma decisão do advogado-geral antes de tomar medidas sobre como reagir às alegações.
Suborno
Alguns analistas disseram que Netanyahu poderá convocar uma eleição rápida em face dos procedimentos legais contra ele. A próxima eleição nacional não está prevista para antes de novembro de 2019. Mas o premiê pode querer buscar um mandato renovado pela população, forçando um promotor a pensar duas vezes antes de indiciá-lo.
Netanyahu disse que quer que sua coalizão permaneça até o fim de seu mandato, mas políticos próximos a ele dizem que, dada a frágil maioria simples da coalizão, uma eleição antecipada é provável.
Na declaração conjunta deste domingo com a Autoridade de Valores Mobiliários de Israel, a polícia disse que também encontrou evidência suficiente para acusar Shaul Elovitch, um amigo da família de Netanyahu, por suborno.
Ministro
À época, Elovitch era presidente do conselho e acionista majoritário da Bezeq. As autoridades afirmam que também há evidência para indiciar a então presidente da companhia, Stella Handler, por fraude.
Elovitch e Handler negam as irregularidades. Ambos foram presos brevemente mais cedo neste ano e renunciaram de seus cargos na Bezeq.
No comunicado, as autoridades afirmaram: “A principal suspeita é de que o primeiro-ministro aceitou subornos e agiu em conflito de interesse ao intervir e tomar decisões regulatórias que favoreceram Shaul Elovitch e a Bezeq”.
Elas alegam que Netanyahu buscou interferir nos conteúdos do site Walla, da Bezeq, “de modo que o favoreceria”. Netanyahu foi ministro das Comunicações de 2015 a 2017.
O outro lado
A polícia também recomendou que acusações de fraude e quebra de confiança sejam colocadas contra Netanyahu e sua mulher.
Pouco depois que as recomendações da polícia foram tornadas públicas, Netanyahu emitiu uma nota dizendo que as alegações não possuem base legal e que no fim nada resultará da investigação.
— Eu estou certo de que também neste caso as autoridades relevantes, após examinar o assunto, chegarão à mesma conclusão - que não havia nada porque não há nada — conclui.