Entre os parentes citados pela denúncia estão a ex-esposa do prefeito, que teria ficado por quatro anos à frente da Secretaria de Assistência Social, além de sua filha, que é secretária de Administração. Outra filha do prefeito atualmente trabalha na Secretaria de Gestão de Pessoas.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
A Grande Família de Araucária. É assim que o Sindicato dos Servidores de Araucária (Sifar) se refere à denúncia de nepotismo contra o prefeito da cidade, Hissam Hussein. O município, que fica na Região Metropolitana de Curitiba e é famoso pelas refinarias da Petrobras, ganhou as manchetes do Brasil e do mundo por conta de denúncias envolvendo o chefe do executivo municipal, como ter casado com uma adolescente um dia após ela ter completado 16 anos e nomeado sua sogra para a Secretaria de Cultura.
O Brasil de Fato teve acesso à denúncia apresentada pelo Sifar ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que aponta que 12 parentes do prefeito Hissam foram nomeados na prefeitura, entre secretarias e outros cargos comissionados, com salários de R$ 20 mil. Ao todo, o município teria gastado cerca de R$ 9 milhões com parentes do prefeito. "Inicialmente, é preciso dizer que além das nomeações individuais de parentes do prefeito, chama a atenção o conjunto delas, o movimento de sucessivas nomeações e exonerações seguidas de novas nomeações para o mesmo cargo, bem como também de exonerações definitivas quando a relação de parentesco também se desfaz", diz um trecho da notícia de fato apresentada ao MP.
Ex-esposa
Entre os parentes citados pela denúncia estão a ex-esposa do prefeito, que teria ficado por quatro anos à frente da Secretaria de Assistência Social, além de sua filha, que é secretária de Administração. Outra filha do prefeito atualmente trabalha na Secretaria de Gestão de Pessoas.
Para Bernardo Paim, diretor do Sifar, a prática de nepotismo na Prefeitura se soma à prática de exonerações de acordo com rompimentos pessoais com o prefeito, que acabaria onerando os cofres públicos. "No caso dessa denúncia de nepotismo há alguns casos, mas não todos. Estamos preparando novo documento demonstrando que quase todos os secretários tiveram a mesma prática de exonerar e ser contratado, o que fere vários princípios da administração pública. Cada exoneração dessa custa quase R$ 80 mil", diz.
Um dos casos citados pelo Sifar é na secretaria municipal de Administração, chefiada pela filha do prefeito. De acordo com a denúncia, Yasmin Hissam Dehaini teria sido nomeada para o cargo logo após ter se separado de seu ex-marido, Eduardo Rodrigues Melo, que ocupou o posto em um período anterior. O sindicato afirma que imediatamente após a separação e exoneração do ex-secretário, Yasmin foi para a pasta. "O que demonstra que o intuito da nomeação de Eduardo seria favorecer a filha do prefeito, e não a boa administração, da coisa pública. Com a separação, o prefeito a nomeou sua filha para o cargo de secretária de Administração, onde permanece até o momento", diz a denúncia.
Outra situação exposta é a nomeação de José Roberto Martins como secretário de Trabalho e Emprego, em 2017. Durante o período que foi secretário, o prefeito era casado com Cristiane Inez Martins, também secretária. Quando o relacionamento dos dois terminou, José Roberto teria sido exonerado, de acordo com a denúncia. "Nomeações e exonerações supramencionadas demonstram que os cargos políticos de secretários municipais foram preenchidos a fim de beneficiar parentes, e não em prol da finalidade pública. O favorecimento fica evidente quando são exonerados exatamente no momento em que as relações conjugais ou de parentesco se extinguem", cita o documento do sindicato.
O MP vem investigando a gestão de Hissam. No último dia 1º, promoveu uma operação na casa do político para apurar crimes contra a administração pública. De acordo com o MP, a investigação ocorre em segredo de justiça em "razão da natureza dos delitos investigados".
Outro lado
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a prefeitura de Araucária para ter posicionamento sobre as denúncias apresentadas pelo Sifar. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta. O espaço segue aberto para o posicionamento da prefeitura.