Após a manifestação, que durou quase oito horas, atos violentos tiveram início, com alguns manifestantes derrubando cercas de metal no entorno do parlamento.
Por Redação, com ABr e DW- de Hong Kong
Autoridades reprimiram atos violentos em Hong Kong após manifestantes entrarem em confronto com a polícia durante um protesto contra a revisão da lei sobre extradição.
Organizadores afirmam que mais de 1 milhão de pessoas protestaram no domingo contra um projeto de lei que possibilitaria a extradição de suspeitos para a China continental, onde seriam julgados.
Após a manifestação, que durou quase oito horas, atos violentos tiveram início, com alguns manifestantes derrubando cercas de metal no entorno do parlamento. As cercas foram reutilizadas pelos manifestantes, que as posicionaram no meio da rua para realizar um protesto sentado.
As autoridades desimpediram a área nesta segunda-feira de manhã.
A segunda mais alta autoridade de Hong Kong, Matthew Cheung, lamentou o uso de violência, reforçando a necessidade de se aprovar o projeto de lei.
É provável que mais protestos sejam realizados, já que grupos pró-democracia vêm convocando pessoas a cercar o parlamento caso o governo não retire o projeto de lei.
O protesto
Centenas de milhares de pessoas foram às ruas de Hong Kong no domingo em protesto contra plano do governo para permitir extradições para a China continental. Cerca de meio milhão de pessoas aderiram à passeata, segundo os organizadores.
A líder de Hong Kong, Carrie Lam, decidiu avançar com o projeto de lei, apesar das críticas de grupos de defesa dos direitos humanos, juristas, diplomatas ocidentais e empresários. Eles afirmam que o sistema legal da China não garante os mesmos direitos aos acusados como na semiautônoma Hong Kong.
Sob um calor sufocante, os manifestantes marcharam pelas estreitas ruas da ilha principal, mostrando faixas e cartazes com dizeres como “não à extradição”.
– Não escutam a voz do povo – reclamou Ivan Wong, estudante de 18 anos. “Esta lei não só afetará a reputação de Hong Kong como centro financeiro internacional, mas também nosso sistema judicial. Isto tem consequências para o meu futuro.”
Numerosos manifestantes afirmaram que não confiam mais no comprometimento peito pelo Executivo de Hong Kong de não enviar ao continente os críticos do governo chinês. As autoridades tentam levar a votação ao Conselho Legislativo (o Parlamento local) este texto, que autoriza as extradições para países, como a China continental, com os quais existe um acordo sobre o tema.
Segundo o governo da região semiautônoma, esta lei preencheria um vazio jurídico e seria necessária, especialmente para permitir a extradição para Taiwan de um cidadão de Hong Kong acusado de assassinato. Críticos da lei classificam o caso como um pretexto para satisfazer Pequim.
A desconfiança em relação à China tem aumentado desde o desaparecimento de uma série de críticos do regime chinês, entre eles, um grupo de editores dissidentes e um multimilionário, que reapareceram logo depois, presos no continente.
– O que podemos fazer para que Carrie Lam nos ouça, quantas pessoas têm que protestar para que ela considere ouvir o público? – questionou Miu Wong, uma secretária de 24 anos, que participou do protesto.
Hong Kong, uma antiga colônia britânica, foi devolvida à China em 1997, mas manteve o direito de ter seus próprios sistemas social, legal e político durante 50 anos sob o princípio “um país, dois sistemas”.