Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Polícia fecha call center que vendia falsas curas religiosas

Operação policial no Rio desmantela quadrilha que prometia curas em troca de PIX, liderada por Luiz Henrique dos Santos Ferreira. Esquema movimentou R$ 3 milhões.

Quarta, 24 de Setembro de 2025 às 15:18, por: CdB

Quadrilha liderada por Luiz Henrique dos Santos Ferreira prometia curas e milagres em troca de PIX; esquema movimentou ao menos R$ 3 milhões em dois anos.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A Polícia Civil, em conjunto com o Ministério Público do Rio, deflagrou nesta quarta-feira uma operação contra uma quadrilha que se passava por um pastor para cobrar fiéis por orações com promessas de curas e milagres. O grupo atuava a partir de uma central de telemarketing no Centro de Niterói, na Região Metropolitana.

Polícia fecha call center que vendia falsas curas religiosas | Polícia desarticula call center que prometia curas em nome de pastor por R$ 1,5 mil em Niterói
Polícia desarticula call center que prometia curas em nome de pastor por R$ 1,5 mil em Niterói

As investigações apontam que os atendentes, contratados por meio de anúncios em plataformas on-line, eram orientados por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, a simular a identidade do líder religioso em conversas via aplicativos de mensagens.

Como o esquema funcionava

O modelo de funcionamento era empresarial: os atendentes trabalhavam sob metas semanais e recebiam comissões proporcionais à arrecadação. Aqueles que não atingiam o valor mínimo estipulado eram dispensados.

Os atendentes utilizavam áudios previamente gravados de Santini e ofereciam diferentes tipos de oração, sempre condicionados a pagamentos via Pix. Os valores cobrados variavam de R$ 20 a R$ 1,5 mil. 

Para movimentar a grande quantidade de dinheiro arrecadado, o grupo usava uma rede de contas bancárias em nome de terceiros, o que dificultava o rastreamento.

De acordo com a polícia, o esquema movimentou ao menos R$ 3 milhões em dois anos.

Investigações

A investigação começou em fevereiro deste ano, quando os agentes flagraram o funcionamento do call center.

No local, 42 pessoas foram encontradas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, também foram apreendidos 52 celulares, seis notebooks e 149 chips de telefonia móvel.

A análise desse material confirmou a atuação coordenada da quadrilha e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o Brasil.

Foi feita ainda uma investigação financeira que comprovou as movimentações milionárias. Com base nos elementos reunidos, a Justiça decretou o sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias ligadas aos investigados e empresas de fachada utilizadas pelo grupo.

Pastor famoso nas redes

Em seus perfis de rede social, o Pastor Henrique reúne mais de 8 milhões de seguidores. Nos vídeos publicados, ele traz mensagens religiosas e um contato de telefone para enviar mensagens.

Henrique estava em casa, em um condomínio na Barra Olímpic, quando os agentes chegaram para cumprir um mandado de busca e apreensão e medidas cautelares.

Santini e outros 22 integrantes da organização foram denunciados. Além disso, foi determinada uma medida cautelar de monitoramento por tornozeleira eletrônica contra o pastor. As investigações continuam para identificar novas vítimas e possíveis integrantes da estrutura criminosa.

Na casa dele, a polícia apreendeu uma significativa quantia em dinheiro. Entre os valores encontrados estavam R$ 32.450,00, além de 1.800 euros (aproximadamente R$ 2.880,00), 750 libras egípcias (cerca de R$ 84,29) e $90 dólares (aproximadamente R$ 486,12)

A reportagem não conseguiu contato com o pastor. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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