A Apeoesp identifica alta do fenômeno desde 2020, um ano após o massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, no interior paulista. Segundo a pesquisa Apeosp daquele momento, 37% dos estudantes da rede estadual já tinham sofrido algum tipo de violência.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) lança, nesta quarta-feira, uma nova pesquisa sobre a violência nas escolas paulistas. Ao menos seis mil pessoas, entre estudantes, pais e professores foram abordados na nova edição que dá sequência à série histórica de denúncias do problema pela entidade.

A Apeoesp identifica alta do fenômeno desde 2020, um ano após o massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, no interior paulista. Segundo a pesquisa Apeosp daquele momento, 37% dos estudantes da rede estadual já tinham sofrido algum tipo de violência ante, por exemplo, 28% em 2014.
Ainda sobre o estudo também de 2020, cerca de cinco em cada 10 professores (54% da categoria) também já haviam sofrido algum tipo de violência nas dependências das escolas que lecionavam. Na mesma comparação com o ano de 2014, foi um aumento de 10%.
O lançamento do estudo referente a 2022 será seguido por um ato organizado pelos professores, às 14h, em frente à Secretaria de Educação do estado, na Praça da República, região central da capital paulista.
O protesto público tem como objetivo denunciar o aumento da violência e lamentar a mais recente “tragédia na história da educação paulista”, como classificou o diretor da Apeoesp, Roberto Guido, repercutiu o caso nesta terça (28) em entrevista a Rafael Garcia, do Jornal Brasil Atual. O dirigente refere-se ao ataque, na segunda, na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo. Uma professora morreu e cinco pessoas ficaram feridas após o ataque a faca de um aluno, de 13 anos, do oitavo ano do Ensino Fundamental na instituição.
PM e armas: um fracasso
De acordo com Guido, a nova tragédia é apenas mais uma que resultado de “um processo em que as escolas, principalmente as do grande centro urbano, vêm apresentando problemas cotidianamente. E essas violências a Secretaria da Educação faz questão de abafar”, afirmou ao jornalista Rafael Garcia.
O diretor da Apeoesp também criticou a reação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que falou em convocar policiais militares que estão na reserva para atuar de forma permanente dentro dos colégios do Estado.
A proposta foi divulgada por Tarcísio na noite de ontem a pretexto de tornar o ambiente escolar “mais seguro”. No entanto, conforme advertiu Guido, “essa proposta não resultará em diminuição da violência, ao contrário. Armas dentro da escola já começam a demonstrar o fracasso da própria escola”, afirmou.
– Há sim, como temos reivindicado, necessidade de, no entorno da escola, ter um aumento policial. Mas dentro das escolas, temos que ter procedimentos que inclusive possibilitem ter um maior controle. Por exemplo, a ausência de funcionários, que temos denunciado. (Também a) superlotação das escolas, que acabam sobrecarregando os poucos funcionários que têm. Você tem um processo em que a escola, por conta de um modelo de gestão (…), é antidemocrática e não se abre para a comunidade – explicou o dirigente.
Violência e abandono das escolas
No início deste mês de março, a Apeoesp divulgou levantamento mostrando a falta dos chamados professores mediadores, responsáveis por intervir em situações de conflito e ajudar no trabalho de convivência dos estudantes. Atualmente, o estado de São Paulo tem cerca de 24,5 mil agentes na ativa, de acordo com a própria secretaria. O que representa menos de 1% dos quase 3,5 milhões de alunos matriculados na rede estadual.
Proporcionalmente, há um agente qualificado para atuar em conflitos para cada grupo de 143 alunos. “O problema é que o Estado apresenta propostas completamente descabidas para um problema que é crônico”, concluiu Roberto Guido.