Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2025

Polícia combate desvio de verbas em empresa de saneamento de Goiás

As investigações indicam que parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do Estado.

Quinta, 28 de Março de 2019 às 07:46, por: CdB

As investigações indicam que parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do Estado.

Por Redação, com ABr - de Brasília

A segunda fase da Operação Decantação, da Polícia Federal, foi deflagrada nesta quinta-feira, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, para combater fraude em licitações e desvio de dinheiro público da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). Estão sendo investigados dirigentes da empresa e agentes públicos do governo do Estado, entre os anos de 2012 e 2016.
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PF combate desvio de verbas em empresa de saneamento de Goiás
As investigações indicam que parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do Estado. De acordo com a PF, apurou-se ainda que o ex-vice-governador José Eliton teria utilizado, por diversas vezes, um avião pertencente a uma das empresas favorecidas pelos contratos. Eliton foi vice do governador Marconi Perillo entre 2012 e 2016 e assumiu o governo quando Perillo se candidatou à reeleição. A ação é decorrente da análise de materiais apreendidos na primeira fase da Operação Decantação, deflagrada em 2016, que “desarticulou célula criminosa responsável pelo desvio de cerca de R$ 4,5 milhões da Saneago”, diz a PF.

Direcionamento de licitação

– Foi constatado que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos junto à companhia de saneamento, mesmo com impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação – diz ainda a Polícia Federal. As investigações apontaram indícios de que as empresas também foram utilizadas para lavagem de dinheiro, “uma vez que ficou comprovada transferência de valores da ordem de R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete do ex-governador e a conta de uma das empresas”. Os policiais federais cumprem desde as primeiras horas desta manhã, em endereços em Goiânia e Aparecida de Goiânia, cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão, expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás. A Justiça determinou também o sequestro de 65 imóveis avaliados em R$ 35 milhões e o afastamento da função pública de dois servidores da Saneago. De acordo com a PF, o nome da operação, Decantação, é uma referência a um dos processos de tratamento de água distribuída à população.

Ex-governadores são investigados

Dois ex-governadores de Goiás são alvos das investigações da Polícia Federal sobre fraude em licitações e desvio de dinheiro público da Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). De acordo com o delegado Charles Gonçalves Lemes, ainda não é possível divulgar nomes já que o inquérito está em segredo de Justiça. Lemes disse que a segunda fase da Operação Decantação, deflagrada nesta quinta-feira, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, é resultado de análises de materiais apreendidos na primeira fase da operação, deflagrada em 2016. – Ficou demonstrado de forma veemente que há um nicho de favorecimento a um grupo de três empresas de propriedade de um único casal. Tudo com o apoio de um servidor da Saneago que ocupava à época a direção da gestão corporativa da empresa e que foi alocada comprovadamente para defender interesses do ex-chefe de gabinete do ex-governador e dessas empresas – afirmou. São investigados dirigentes da empresa e agentes públicos do governo do estado, entre os anos de 2012 e 2016. De acordo com a PF, um ex-chefe de gabinete criou duas empresas de fachada em sua residência “para lavar o dinheiro desses contratos” que eram firmados com a companhia estadual. Agentes cumpriram cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão, expedidos pela 11ª Vara Federal de Goiás. Nas ações foram encontradas duas malas com cerca de R$ 1 milhão em espécie em cada. Uma estava em um carro do ex-chefe de gabinete do governo goiano e outra na residência da filha desse servidor que também é alvo da operação. – A filha do ex-chefe de gabinete do governo que ocupava a chefia de comunicação da governadoria de Goiás junto ao Distrito Federal fez um saque de R$ 3 milhões em espécie enquanto tinha salário de R$ 3.700 – contou o delegado. As movimentações atípicas, consideradas incompatíveis com a renda da servidora ainda se repetiram em 2012 e em 2014, quando foram movimentados R$ 28 milhões em sua conta bancária. Segundo Lemes, o prejuízo da Saneago “é estratosférico e inestimável”. O grupo de empresas era vencedor de todas as licitações realizadas pela companhia incluindo um contrato de alocação de máquinas no valor de R$ 32 milhões. “Alocação de máquinas não era o ramo de nenhuma dessas empresas e ainda assim elas venceram a licitação”, completou o delegado.
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