Mal começou a Campanha Nacional pelo Desarmamento e a Polícia Federal, responsável pela coleta de armas em todo o país, já se empenha em resolver outro problema. Em muitos locais, as pessoas estão fabricando armas artesanais para entregá-las e receber a indenização paga pelo governo.
A maioria é feita de madeira e cano de ferro fundidos a parafusos. A polícia investiga a participação de serralherias, em vários Estados, na fabricação dessas armas. As indenizações variam de R$ 100 a R$ 300, dependendo do calibre.
- Já ouvimos falar em gente fazendo arma com a finalidade de receber a recompensa - admitiu o delegado da PF Antônio Wagner Castilho. - Mas essas não serão aceitas pela PF.
Entretanto, a PF pagou por algumas dessas armas artesanais. É o caso de uma arma calibre 12 e outra calibre 32, que aparentam já terem sido usadas, são exemplos.
O sistema de disparo, com gatilho simples, utiliza parafuso e mola. A arma não foi testada, mas, de acordo com a PF, aparentemente ainda seria capaz de atirar. Ao contrário da calibre 12, a calibre 32 artesanal recebida pela polícia não tem mais poder de detonação. Confeccionada em madeira e ferro, a peça está sem alguns dos seus componentes.
A Polícia Federal recebeu mais de 10.000 armas em todo o país após a publicação de portaria que estabeleceu os valores de indenização pela entrega, no Estatuto do Desarmamento, no último dia 15.
A meta inicial de recolhimento é de 80 mil armas até o fim do ano, número previsto de indenizações com o crédito especial de R$ 10 milhões aprovado pelo Congresso. No entanto, a PF acredita que a meta será atingida antes.
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, assinou portaria que autoriza outras instituições militares e de segurança pública a receberem as armas, como os quartéis do Exército, as polícias Militar e Civil e o Corpo de Bombeiros.