Apesar das potencialidades, há críticas de ambientalistas por conta da fragilidade do ecossistema da área e a proximidade com a foz do rio Amazonas, que fica a mais de 500 quilômetros da primeira bacia.
Por Redação, com Sputnik - do Rio de Janeiro
Em 2006, a Petrobras anunciava a descoberta que entrou para a história brasileira: o pré-sal, entre Santa Catarina e Espírito Santo. Mais de 15 anos depois, a região, promessa de autossuficiência em petróleo, já é responsável por 70% da produção nacional. Agora, uma nova área com potencial ainda maior começa a ser explorada no Norte e Nordeste.
Uma região que se estende por mais de 2,2 mil quilômetros da costa brasileira, entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, pode esconder as maiores bacias de petróleo e gás já descobertas no Brasil: a Margem Equatorial que, segundo a Petrobras, possui características semelhantes às grandes reservas existentes no Suriname e Guiana, país que só no ano passado viu a economia crescer quase 40%.
Apesar das potencialidades, há críticas de ambientalistas por conta da fragilidade do ecossistema da área e a proximidade com a foz do rio Amazonas, que fica a mais de 500 quilômetros da primeira bacia.
Exploração
Já a Petrobras, que chegou a ter uma licença ambiental rejeitada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2023 para perfuração de poços no Amapá, garante que os riscos são mínimos por conta da distância com a costa litorânea e expertise adquirida nas últimas décadas — a companhia brasileira é a petrolífera líder mundial na exploração em águas profundas e ultraprofundas. Já na região do Rio Grande do Norte, que tem estudos mais avançados, a empresa conseguiu sinal verde.
No fim de dezembro, foi iniciada a perfuração do poço de Pitu Oeste, a 53 quilômetros da costa, na bacia Potiguar. A expectativa é que os trabalhos que vão comprovar ou não a existência de petróleo sejam finalizados entre três e cinco meses.
Suprimentos
"Essa região [toda a Margem Equatorial] é uma extensão de bacias na costa da Guiana e do Suriname, na qual já atuam 24 empresas e onde ocorreram 60 descobertas com volume estimado de 11 bilhões de barris", garante a Petrobras, que prevê investimentos de US$ 3,1 bilhões (R$ 15,2 bilhões) até 2028.
O professor do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e especialista em cadeia de suprimentos para o setor de petróleo e gás, Antonio Batista, explicou à Sputnik Brasil que os estudos geológicos iniciais já mostraram que a Margem Equatorial ainda possui semelhanças com outras regiões que são grandes produtoras de petróleo.
— São áreas que têm se encontrado muito petróleo, em particular, na África e aqui próximo em países como as Guianas e o Suriname, sem falar na Venezuela, que tem a maior reserva de petróleo do mundo, com mais de 200 bilhões de barris. Esses sinais apontam que a região concentra uma grande reserva de petróleo e, uma vez comprovado, isso pode gerar uma série de potenciais econômicos e sociais — afirma o especialista.
Novo pré-sal
Localizado em águas que ultrapassam 2,8 mil metros de profundidade, a Margem Equatorial atravessa os estados do Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio de Grande do Norte. Segundo o professor Antonio Batista, as cinco bacias podem abrigar mais de 30 bilhões de barris de petróleo, com uma possibilidade de exploração para além de 2050.
Por isso, diz o especialista, a região recebe o nome de novo pré-sal, em alusão à região que alcançou a marca de 1,2 bilhão de barris produzidos só em 2022 e é a grande responsável por levar o país a nono no mundo e maior representante do setor na América Latina.