Os adolescentes que fazem a promessa de permanecerem virgens até o casamento contraem doenças sexualmente transmissíveis (DST) com a mesma freqüência que aqueles que não pregam abstinência, segundo um estudo norte-americano sobre a vida sexual de 12 mil adolescentes.
Aqueles que fazem um juramento público de postergar o sexo também acabam tendo menos parceiros sexuais e se casam mais cedo, mostra a pesquisa. Mas os dados de DST foram estatisticamente similares.
Um dos problemas, concluíram os pesquisadores, é que os 'pregadores' de virgindade são menos propensos a usar camisinhas.
- É difícil se preparar para o sexo ao mesmo tempo em que você diz que não terá relações sexuais - afirmou Peter Bearman, diretor do departamento de sociologia do Departamento de Columbia, e co-autor do estudo com Hannah Bruckner, da Universidade de Yale.
Os dados do estudo, apresentados hoje na Conferência Nacional de Prevenção de DST, foram tirados do Estudo Nacional Longitudinal de Saúde Adolescente. Esse estudo foi financiado em parte pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano e pelos Centros de Controle e Prevenção de Doença.
A análise também concluiu que em comunidades em que pelo menos 20% dos adolescentes prometiam permanecer virgens, as taxas de DST combinadas para todos era de 8,9%. Em comunidades com menos de 7% de pregadores, o índice de DST foi de 5,5%.
- É a combinação de sexo escondido e sexo desprotegido que cria um mundo em que as pessoas subestimam o risco de DTS - comentou Bearman.
Os críticos da educação baseada somente na abstinência viram as conclusões como evidências de que os adolescentes se beneficiam da educação sexual.
- Será uma tragédia se nós retivermos desses jovens as informações sobre como não contrair DTS ou não engravidar - declarou Dorothy Mann, diretora executiva do Conselho de Planejamento Familiar, uma organização dedicada a serviços de saúde reprodutiva.
Mas Pat Fagan, que pesquisa a família e questões culturais na Fundação de Herança, advertiu que os pregadores eram diferentes da educação baseada apenas na abstinência, a qual ele disse que demanda anos de apoio de educação. Ele observou que a promessa de virgindade posterga o sexo e leva a um número reduzido de parceiros.
- Isso mostra o poder das promessas sozinhas - ele afirmou.
- Isso também mostra que sozinho, esse juramento único não é o bastante. Qualquer pessoa ligada ao movimento de abstinência nunca diria que ela é o bastante - disse.
Primeiro, o estudo entrevistou pessoas de 12 a 18 anos e fizeram um acompanhamento com eles seis anos depois, quando adultos. Ele descobriu que a taxa de DST para pessoas brancas que pregavam a virgindade era de 2,8%, comparada com 3,5% entre aqueles que não defendiam essa postura. Para os negros, os índices foram de 18,1% e 20,3%. Para os hispânicos, os números foram 6,7% e 8,6%.
Bearman explicou que as diferenças não eram significativas do ponto de vista estatístico. As taxas gerais cominando todas as raças não seriam válidas, ele acrescentou. Donald Orr, diretor de medicina adolescente na Universidade de Indiana, disse esperar que a pesquisa ajude a mudar a educação sexual de uma questão de moralidade para uma discussão de saúde pública.
- Um ambiente em que a única proteção é não fazer sexo cria a visão de que o risco de contrair uma DTS é muito baixo, e obviamente isso não é verdade - disse Orr.
Outras conclusões do estudo:
· 59% dos homens que não pregam abstinência usaram camisinhas durante o sexo; somente 40% dos homens que juraram abstinência usaram camisinha.
· 28% das mulheres que não pregam abstinência fizeram exames para DST em anos anteriores, comparados com 14% das que pregam.
· 99% dos que não defendem a abstinência e 88% dos que defendem tiveram relações sexuais antes do casamento.
Pesquisa revela sexualidade de jovens que casam virgem
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Quarta, 10 de Março de 2004 às 01:26, por: CdB