Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

‘Pausa tática’ da guerra em Gaza é vista com ceticismo por analistas

Analistas criticam a 'pausa tática' em Gaza, destacando que medidas humanitárias não alteram o uso da fome como arma de guerra por Israel.

Domingo, 27 de Julho de 2025 às 17:03, por: CdB

Segundo anúncio de Israel, também foram criadas “rotas seguras designadas para comboios que entregam alimentos e remédios entre 6h e 23h”. 

Por Redação, com BdF – do Rio de Janeiro

Anunciada por Israel neste domingo, a “pausa tática” em três regiões da Faixa de Gaza para possibilitar a entrada de ajuda humanitária é vista com ceticismo por especialistas que acompanham o massacre em curso.

‘Pausa tática’ da guerra em Gaza é vista com ceticismo por analistas | Alguns alimentos são lançados de paraquedas sobre o território palestino de Gaza
Alguns alimentos são lançados de paraquedas sobre o território palestino de Gaza

— Não há menor sentido nisso, pausa ‘humanitária’ de 10 horas?. Se depois de 10 horas tudo seguirá sem a tal ‘pausa humanitária’, evidente que o projeto prossegue, inclusive e especialmente para que a fome persista e até aumente — observa Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina (Fepal) em relação ao comunicado do exército israelense de que as pausas militares vão acontecer das 10h às 20h, todos os dias, sem prazo definido.

Segundo anúncio de Israel, também foram criadas “rotas seguras designadas para comboios que entregam alimentos e remédios entre 6h e 23h”. Mas reiterou que outras regiões seguirão sendo bombardeadas. Nas últimas semanas, seis mil caminhões de ajuda humanitária, abastecidos com toneladas de alimentos congelados, foram impedidos de entrar no território.

 

Resposta

Professor em Estudos Árabes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Murilo Meihy concorda com as afirmações do presidente da Fepal.

— O anúncio israelense não significa qualquer mudança no uso da fome como arma de guerra por Israel. A pausa tática é apenas uma resposta desesperada de seu atual governo ao aumento das reações internacionais às ações militares injustificadas de Tel Aviv nos últimos anos — afirmou.

Meihy lembra que outras medidas de cessar-fogo já foram anunciadas em outros momentos do massacre, mas não respeitadas por Israel.

— Israel possui um histórico recente de quebra de cessar-fogo e de recrudescimento de suas ações militares frente a qualquer avanço das negociações — acrescentou.

 

Cessar-fogo

O Ministério da Saúde de Gaza anunciou que chegou a 133 o número de pessoas mortas por fome e desnutrição na Faixa de Gaza desde o início da guerra. De outubro de 2023 até agora, os ataques israelenses já mataram ao menos 59.587 palestinos e deixaram 143.498 feridos, segundo autoridades locais.

Os dois especialistas também não acreditam que uma proposta que dê uma trégua na destruição de Gaza prospere, ainda que nas últimas semana venha crescendo uma pressão internacional para que Israel mude a postura em relação à Faixa de Gaza.

— As pressões internacionais vêm crescendo severamente: França acaba de anunciar que caminha para o reconhecimento do Estado palestino em setembro. O Brasil aponta para a entrada no processo contra Israel na Corte Internacional de Justiça liderado pela África do Sul. A Colômbia impõe limites às exportações para Israel, e a Espanha propõe embargo de venda de armas para Tel Aviv — conclui Meihy.

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