Parlamentares levam ao MPF pedido para que Guedes seja investigado
De acordo com informações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, a desvalorização do real na gestão de Guedes fez o ministro ganhar R$ 16 milhões, fazendo os investimentos subirem para R$ 51 milhões de 2019 pra cá.
De acordo com informações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, a desvalorização do real na gestão de Guedes fez o ministro ganhar R$ 16 milhões, fazendo os investimentos subirem para R$ 51 milhões de 2019 pra cá.
Por Redação - de Brasília
Um grupo de deputados protocolou no Ministério Público Federal (MPF), nesta quarta-feira, uma petição para que seja investigada a participação da filha Paula Drumond Guedes e de Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, mulher do ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma offshore de sua propriedade, nas Ilhas Virgens Britânicas. O patrimônio estimado é de R$ 50 milhões.
Ministro da Economia, o empresário Paulo Guedes é alvo de processo na Corte Suprema
O objetivo da iniciativa é que o MPF analise o extrato de operações realizadas pela Dreadnoughts International de janeiro de 2019, quando Guedes assumiu o cargo público, até hoje. Também assinaram a representação os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP), autor do pedido de convocação do ministro na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço; Lídice de Mata (PSB-BA), e Bira do Pindaré (MA); além do deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), que lidera o movimento.
De acordo com informações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, a desvalorização do real na gestão de Guedes fez o ministro ganhar R$ 16 milhões, fazendo os investimentos subirem para R$ 51 milhões de 2019 pra cá.
— Guedes mentiu ao dizer que não tinha familiares em nenhuma empresa que pudesse configurar conflito de interesses. Ele disse que deixou a direção da offshore em dezembro de 2018, mas não falou que a filha continuou como diretora. Essa empresa está sob suspeita de ter recebido informações privilegiadas — afirmou Vaz, a jornalistas.
Competência
A legislação atual determina que servidores do alto escalão devem informar situações que possam gerar conflitos de interesses. Eles são obrigados a entregar à Comissão de Ética Pública do governo federal a Declaração Confidencial de Informações (DCI).
— Foi nesse documento que Guedes omitiu o cargo que a filha ocupa na offshore. Ele informou que não possui nenhum cônjuge, companheira ou parentes até o terceiro grau atuando em áreas afins à competência de seu cargo. Como comprovamos, isso não é verdade — pontuou o deputado.
O parlamentar destacou que o ministro da Economia "tem a obrigação de dar uma satisfação não só a nós, parlamentares, mas a toda a sociedade”.
— A ausência injustificada configura crime de responsabilidade. Inclusive, já acionei o Ministério Público Federal por isso — acrescentou.
Offshore
Guedes, segundo os parlamentares, violou o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, que proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras que sejam afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas àquelas sobre as quais "a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”, sublinha o documento.
Em janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar US$ 9,54 milhões, Guedes virou o principal fiador do governo Bolsonaro e assumiu o cargo de ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).