Paraty vira epicentro da literatura até o próximo domingo

A Festa Literária Internacional de Parati (Flip) começa na noite desta quarta-feira com um tributo à escritora Clarice Lispector (1920-1977), homenageada desta terceira edição do evento, que vai até domingo na pequena cidade do litoral do Rio de Janeiro.

A Flip, que no ano passado recebeu 12 mil visitantes, segundo os organizadores, contará com 20 mesas-redondas na Tenda dos Autores, com capacidade para 600 pessoas. Como em 2004, o festival terá outra tenda, esta com 1.400 lugares e com um telão transmitindo os encontros simultaneamente.

Foram convidados 36 autores, representando 11 países e 25 editoras. Na segunda edição, houve 30 participantes. O destaque deste ano fica por conta do escritor anglo-indiano Salman Rushdie, que fará em Parati o lançamento internacional de seu novo livro, <i>Shalimar, o Equilibrista</i>, um romance que tem como pano de fundo os conflitos entre a Índia e o Paquistão.

O dia-a-dia da Flip começa cedo, com debate às 10h e outros quatro encontros até as 19h. Da culinária ao jornalismo de guerra, passando pela importância literária da Bíblia, o evento idealizado por Liz Calder, fundadora da editora britânica Bloomsbury, promete manter o caráter literário, mas sempre dialogando com diversas áreas de interesse.

Entre os brasileiros mais esperados, estão o romancista e dramaturgo Ariano Suassuna, que comemora 50 anos da peça <i>Auto da Compadecida,/i>, e o comediante e apresentador Jô Soares, que divide uma mesa com a escritora e pesquisadora de sátira histórica do século 19 Isabel Lustosa.

Outros destaques são o rapper MV Bill e o antropólogo Luiz Eduardo Soares, autores do recém-lançado <i>Cabeça de Porco</i>, e o cineasta e comentarista Arnaldo Jabor. Os três dividem uma mesa sobre os violentos conflitos sociais que marcam a sociedade brasileira e sua expressão no cinema e no rap. 

Para falar sobre os aspectos literários da Bíblia, a Flip convidou o crítico norte-americano Robert Alter. Ele participa de um debate que faz parte de uma série de três encontros chamados "Mar de Histórias", sobre clássicos da literatura universal.

O historiador brasileiro Evaldo Cabral de Mello comenta <i>Dom Quixote</i>, e o romancista turco Orhan Pamuk discute <i>As Mil e Uma Noites.</i> O correspondente da revista New Yorker Jon Lee Anderson, autor de uma biografia de Che Guevara e do livro <i>A Queda de Bagdá</i>, fala sobre a vocação literária do jornalismo com outro colega, o português Pedro Rosa Mendes, especialista em conflitos na África.

Outros três escritores internacionais que devem atrair a atenção do público são o chef e jornalista norte-americano Anthony Bourdain, autor de <i>Cozinha Confidencial</i>, Michael Ondaatje, do Sri Lanka, de <i>O Paciente Inglês</i>, e o espanhol Enrique Vila-Matas, de <i>Viagem Vertical,/i> e <i>Bartleby e Cia</i>.

A poesia, representada no passado por Arnaldo Antunes, Chico Alvim e Antonio Cícero, que leram trechos de suas obras ao público, será trazida este ano numa mesa de mesmo formato por Paulo Henriques Britto, Alberto Martins e Claudia Roquette-Pinto.

A primeira edição da Flip aconteceu em 2003, numa sala para pouco mais de 100 pessoas. O homenageado da vez foi Vinicius de Moraes e teve entre os escritores convidados Eric Hobsbawn, Julian Barnes, Don DeLillo, Ana Maria Machado e Ferreira Gullar.

No ano seguinte, o evento cresceu de tamanho, com as tendas para 600 e 1.400 pessoas, e convidou Paul Auster, Ian McEwan, Martin Amis, Margaret Atwood, Chico Buarque e Caetano Veloso. Durante o evento, diversas atividades acontecem simultaneamente na cidade, como o lançamento de outros 13 livros. A programação oficial e outras atividades paralelas podem ser consultados no site da Flip, http://www.flip.org.br.