Grupos armados palestinos dispararam nesta quinta-feira contra assentamentos judaicos em Gaza, apesar da declaração formal de trégua do novo presidente, Mahmoud Abbas, em encontro que revigorou as esperanças de paz no Oriente Médio.
O Hamas, principal facção islâmica, disse que os disparos de morteiros foram lançados para vingar a morte de um palestino pelo Exército de Israel, nesta quarta-feira. Os soldados reagiram a uma suspeita de tentativa de infiltração em um assentamento, disseram fontes militares.
Os disparos, que não causaram vítimas, foram o primeiro caso desde o encontro da última terça-feira entre a liderança dos dois lados e o pior desde que militantes palestinos concordaram com uma trégua tácita em favor de Abbas no mês passado, após quatro anos de combates.
Apesar de o Hamas ter dito que não está desafiando Abbas, os disparos representam o primeiro teste sério para a promessa do presidente, saudada por Israel e pelos Estados Unidos, de controlar os poderosos grupos militantes.
Em outro sinal de tensão, soldados na Cisjordânia mataram um motorista palestino que ignorou ordens de parar em um posto de controle. O Exército disse que o carro fora roubado um dia antes em Israel.
- A morte de dois palestinos e a retomada dos disparos de morteiros são um sério desafio ao que foi combinado no encontro de Sharm el-Sheikh (Egito) - disse o ministro palestino Saeb Erekat.
Durante a cúpula, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, anunciou uma paralisação recíproca de todas as ações militares contra militantes. O premiê e Abbas disseram que um período de calma duradouro seria a base para o início dos debates sobre o "mapa do caminho", plano de paz apoiado pelos EUA.
Mas os grupos militantes não se comprometeram com a trégua.
- Iniciamos a calma para permitir que Abbas consiga as exigências e condições nacionais (por negociações), mas isso não significa que ficaremos algemados diante dos crimes sionistas - disse o porta-voz do Hamas Mushir al Masri.
- Não anunciamos uma trégua (oficial). O inimigo não deve esperar que fiquemos em silêncio se continuar a agressão. Vamos continuar a resistência enquanto a ocupação e a agressão continuarem - disse ainda.