A comunidade árabe irritou-se e ofendeu-se com as acusações dos Estados Unidos de que a Síria era um "país inamistoso" devotado ao desenvolvimento de armas químicas. Os árabes temem que as declarações das autoridades norte-americanas sejam um sinal da expansão da guerra iraquiana para outros países árabes. "Quem os americanos pensam que são? Eles são tão previsíveis. Antes da guerra, todos dissemos que os EUA começariam com o Iraque e depois se voltariam para outros países árabes. E aí está", disse Noha, um médico do Egito. "Quem será o próximo depois da Síria? O Egito?" O governo sírio rebateu veementemente as acusações de que teria dado abrigo a líderes do governo iraquiano deposto, de que desenvolvesse armas químicas ou de que patrocinasse o terrorismo. O embaixador da Síria na Espanha afirmou na terça-feira que as acusações são insultos infundados e significam chantagem. O gabinete sírio divulgou um comunicado dizendo que as acusações dos EUA atendem aos interesses de Israel. "Todos na região, e fora dela também, questionam essas acusações", afirmou o analista de política Saleh Khathlan. "O Iraque caiu, e agora é a vez da Síria." O jornal semi-oficial do Marrocos Le Matin escreveu: "Como um rolo compressor, poucos dias depois de conquistar o Iraque, o presidente Bush (George W. Bush, líder dos EUA) ataca abertamente o governo da Síria." A Liga Árabe afirmou que as acusações dos norte-americanos não poderiam ser levadas a sério porque as forças dos EUA e da Grã-Bretanha ainda não tinham encontrado armas proibidas no Iraque. Os dois países detonaram a guerra depois de acusar o governo iraquiano de desenvolver armas de destruição em massa. Alguns árabes afirmam que as acusações são parte de um plano dos EUA para controlar a região e que Israel seria o principal beneficiário dessa política. O Egito e a Jordânia, dois países próximos dos norte-americanos e os únicos Estados árabes a terem assinado tratados de paz com Israel, disseram que trabalhariam juntos para deter a superpotência. A Arábia Saudita, outro aliado dos EUA e um país importante regionalmente, também declarou estar preocupada com a possibilidade de a guerra se disseminar. O jornal saudita Al Watan disse que a superpotência ameaça a Síria porque o país se recusa a normalizar suas relações com Israel e a ceder território ao Estado judaico.
Países árabes temem que guerra se expanda pelo Oriente Médio
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Terça, 15 de Abril de 2003 às 10:20, por: CdB