O secretário-geral da Otan afirma que ameaças russas visam coagir Ocidente a interromper ajuda à Ucrânia. Stoltenberg alerta, contudo, que aliados precisam estar preparados para um ataque nuclear.
Por Redação, com DW - de Washington
Em entrevista à Deutsche Welle (DW), o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a aliança militar se mantém firme em seu apoio à Ucrânia e está preparada para todas as eventualidades, em meio a uma escalada da guerra.
Nas últimas semanas, a Rússia iniciou uma mobilização das tropas, anexou ilegalmente territórios ucranianos, ameaçou usar armas nucleares e fez uma série de bombardeios à infraestrutura civil na Ucrânia.
Em entrevista ao programa Conflict Zone na terça-feira , Stoltenberg avaliou esses desenvolvimentos como a maior escalada da guerra desde a invasão russa em fevereiro.
– Não vamos nos intimidar ou aceitar a chantagem da Rússia. Essa retórica nuclear, essas ameaças que vemos da Rússia visam, é claro, nos coagir, nos chantagear para pararmos de apoiar a Ucrânia – afirmou Stoltenberg.
Embora o secretário-geral tenha considerado baixo o risco de um ataque nuclear russo, ele disse que o Ocidente precisa estar preparado para tal. "A retórica nuclear do presidente Putin é perigosa, é imprudente, e, portanto, precisamos levar essa ameaça a sério", acrescentou.
A aliança militar está se preparando para todos os cenários com um exercício de capacidade de dissuasão nuclear que ocorrerá nesta semana. As manobras de rotina envolvem 60 aviões de 14 dos 30 países-membros da Otan.
Ucrânia se prepara para o inverno
Com a aproximação do inverno, Moscou lançou uma série de bombardeios em estações de energia elétrica e infraestrutura civil na Ucrânia. Os ataques já deixaram parte do país sem luz e sem acesso a água potável.
Na avaliação de Stoltenberg, os bombardeios a alvos civis demonstram a brutalidade da guerra e destacam a importância de a Otan e seus parceiros continuarem fornecendo todo o apoio necessário à Ucrânia.
– Precisamos fazer mais agora – ressaltou. "Enquanto continuarmos vendo uma presença russa significante, precisamos garantir que vamos fornecer ajuda a longo prazo, pelo tempo e quantidades necessárias."
De acordo com Stoltenberg, desde o início da guerra em fevereiro, os aliados da Ucrânia têm enviado suprimentos com base nos estoques existentes. "Em algum momento não poderemos continuar assim. Precisamos agora aumentar nossa produção."
Ele contou ainda que os aliados se preparam para fornecer à Ucrânia suprimentos militares e civis de inverno, como tendas, geradores de energia e roupas quentes.
Aumento dos gastos da Otan
O secretário-geral destacou ainda que as capacidades de defesa da aliança militar estão em sua melhor forma, como não ocorria há tempos.
– O que vimos desde 2014 é o maior reforço no coletivo de defesa da Otan desde o fim da Guerra Fria. Pela primeira vez na história, temos um conflito na parte oriental da aliança, e tudo isso foi desencadeado pela anexação da Crimeia pela Rússia e o controle do Donbass. Então estávamos preparados para o que aconteceu em fevereiro.
No fim da entrevista, Stoltenberg fez um apelo ao presidente russo, Vladimir Putin, para que ele encerre a guerra. Ele afirmou que o conflito começou com Putin e que ele é peça fundamental para acabar com essa situação. "Se Putin e a Rússia pararem de lutar, haverá paz."