Oposição do Chile aceita investigar contas de Pinochet nos EUA

A oposição chilena aceitou investigar a descoberta de milionárias contas secretas do ex-governante militar chileno Augusto Pinochet nos Estados Unidos.

As bancadas da ultraconservadora União Democrata Independente (UDI), e do moderado partido de Renovação Nacional (RN), que formam a Aliança pelo Chile, deram seu respaldo à criação de uma comissão que investigue as chamadas "Pinocontas".

Segundo dados do subcomitê do Senado americano que revelou o assunto, a fortuna de Pinochet oscila entre 50 e 100 milhões de dólares.

De acordo com antecedentes do mesmo grupo investigador, o Banco Riggs, no qual foram descobertas as contas, girou entre quatro e oito milhões de dólares de Pinochet de 1998 a 2002.
Os parlamentares de oposição anunciaram que no início desta terça-feira apresentarão um projeto de acordo para a criação de uma comissão especial que investigue as contas que Pinochet teve nos Estados Unidos.

O chefe dos deputados da UDI, Rodrigo Alvarez, anunciou que os partidos da Aliança pelo Chile pedirão também que se vote a criação de uma instância similar que investigue o caso "Gate", um caso de corrupção em que se viram envolvidos funcionários do Ministério de Obras Públicas (MOP).

O deputado da Renovação Nacional, Pablo Galilea, afirmou que a aprovação de uma comissão relativa às milionárias contas bancárias de Pinochet não será condicionada a que antes seja aprovada uma instância similar relativa aos supostos atos ilícitos cometidos no MOP, investigados pela juíza especial Gloria Ana Chevesich.

A presidente do Conselho de Defesa do Estado (CDE), Clara Szczaranski, explicou, por sua vez, que esse organismo analisa os antecedentes sobre as contas de Pinochet no Riggs e que esta terça-feira deve ser anunciado o primeiro relatório sobre o caso, que está sendo preparado por cinco analistas e mais de uma dezena de conselheiros do Conselho de Defesa do Estado.

Lucia Pinochet Hiriart, filha mais velha de Augusto Pinochet, afirmou em declarações à Televisão Nacional que o caso de seu pai serviu ao governo para tapar irregularidades em alguns organismos públicos.

Ela reiterou que as contas descobertas no Banco americano Riggs em nome de seu pai poderiam ter sua origem em empresários chilenos que quiseram ajudar economicamente o ex-ditador antes do plebiscito de 1988, no qual os chilenos rejeitaram a continuação do regime militar.