Ação cumpre mandados em seis bairros; médico José Emílio de Brito já responde por homicídio e falsidade ideológica.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Civil realizou, nesta quarta-feira, uma operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados a investigados pela morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos. Ela morreu durante um procedimento estético no Hospital Amacor, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, no dia 8 do mês passado.

Os agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) estão em Irajá, Bonsucesso, Vista Alegre, Jardim América e Cascadura, na Zona Norte do Rio, e em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Marilha fazia uma lipoaspiração na unidade quando teve um órgão perfurado durante o procedimento. A investigação, em fase final, apura novas falhas na cirurgia e busca reunir provas adicionais.
Um dos alvos é uma enfermeira que que participou da hidrolipo com enxerto em Marilha e captadores de clientes para a Amacor.
Médico preso e clínica interditada
No dia 15 de setembro, o médico responsável pelo procedimento, José Emílio de Brito, foi preso e passou a responder por homicídio e falsidade ideológica.
Em outra etapa da investigação, duas gerentes da clínica já haviam sido presas em flagrante por crime contra as relações de consumo.
A clínica foi interditada após fiscalização do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e da Vigilância Sanitária, que encontraram medicamentos vencidos no centro cirúrgico, na farmácia e até no carrinho de parada cardíaca utilizado no atendimento à vítima.
O que diz o hospital?
Na época do crime, a unidade mandou a seguinte nota:
“A Amacor lamenta profundamente o falecimento de uma paciente após complicações de cirurgia estética ambulatorial realizada por equipe médica terceira em nossa clínica.
A Amacor é uma Clínica classificada como “One Day Clinic” (Hospital Dia) e seu Centro Cirúrgico serve como uma hotelaria, ou seja, equipes médicas terceiras alugam o espaço para realizar procedimentos. A responsabilidade da Amacor é fornecer a infraestrutura e orientação da conduta médica local.
O centro cirúrgico encontra-se devidamente aparelhado com todos os equipamentos essenciais para o atendimento de emergências cardiovasculares e respiratórias.
A unidade dispõe de carrinho de parada cardiorrespiratória completo, equipado com medicamentos, dispositivos de via aérea avançada. Complementarmente, o setor conta com desfibrilador bifásico e DEA em perfeitas condições de funcionamento.
Mediante a identificação de sinais de instabilidade hemodinâmica durante o procedimento, a equipe multidisciplinar presente acionou imediatamente os protocolos de emergência estabelecidos.
As manobras de ressuscitação cardiopulmonar foram iniciadas sem dilação, seguindo rigorosamente as diretrizes do Advanced Cardiac Life Support (ACLS), com atuação coordenada e sistemática de todos os profissionais envolvidos. A pronta resposta da equipe evidencia o preparo técnico e a eficiência dos treinamentos continuados implementados na unidade.
Estamos à disposição e colaboraremos com as autoridades para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que surgirem. Lamentamos o ocorrido e pedimos a Deus para confortar os familiares da paciente.”
Sobre as funcionárias conduzidas, eles acrescentaram: “As funcionárias que compareceram à delegacia não foram presas. Elas foram conduzidas apenas para prestar esclarecimentos e foram liberadas no mesmo dia. Ressaltamos que não houve decretação de prisão de qualquer colaborador da clínica até o momento, uma vez que não existe nenhum indício de culpa ou de falha por parte da Amacor.
Reiteramos nosso compromisso com a transparência, a ética e a plena colaboração com as autoridades competentes, confiantes de que todos os fatos serão devidamente esclarecidos”.