A coalizão retém suprimentos há quase dois anos para sustentar os preços do petróleo, evitando um excedente ameaçado pela crescente produção norte-americana. Sua intervenção teve algum sucesso, pois levou o mercado a um déficit esperado para este trimestre e estabilizou uma fonte de receita vital para o grupo.
Por Redação, com Bloomberg – de Bruxelas
Os delegados da Opep+ esperam que a sessão de monitoramento do grupo em agosto não traga alterações nos planos para um aumento da oferta a partir do quarto trimestre, segundo informação de fontes à agência norte-americana de notícias Bloomberg News.
O grupo liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia concordou no mês passado em começar a restaurar a partir de outubro, de forma gradual, cerca de 2,2 milhões de barris por dia da produção de petróleo que foram “tirados” do mercado.
Quando os preços caíram imediatamente após o anúncio, as autoridades enfatizaram que um comitê que se reunirá em 1º de agosto poderia adiar o aumento, se fosse necessário.
Urgência
Desde então, o mercado de commodities recuperou-se, em termos de preços, com os futuros do Brent sendo negociados novamente perto de US$ 85 o barril, aliviando o senso de urgência do grupo. Não há planos para que o Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto emita qualquer recomendação sobre a política de produção, disseram os delegados, que pediram para não serem identificados, pois as negociações são privadas.
Isso ainda deixaria a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados com várias semanas a mais para considerar e depois decidir se devem prosseguir com o aumento da oferta – em teoria, até que as alocações de carga precisem ser definidas para os clientes no início de setembro. O movimento estaria de acordo com as decisões anteriores dos oito integrantes da Opep+ envolvidos nos chamados cortes “voluntários”.
— A Opep+ provavelmente esperará para ver se o tão esperado aumento da demanda neste verão (do hemisfério Norte) se materializa antes de tomar qualquer decisão sobre a produção — disse Jorge Leon, vice-presidente sênior da consultoria Rystad Energy AS.
Emirados
A coalizão retém suprimentos há quase dois anos para sustentar os preços do petróleo, evitando um excedente ameaçado pela crescente produção norte-americana. Sua intervenção teve algum sucesso, pois levou o mercado a um déficit esperado para este trimestre e estabilizou uma fonte de receita vital para o grupo.
Alguns países-membros, como os Emirados Árabes Unidos, estão ansiosos para retornar a produção interrompida e implantar uma nova capacidade de produção. Outros, como a Rússia, o Iraque e o Cazaquistão, têm arrastado a decisão de cumprimento dos cortes acordados enquanto buscam maximizar a receita.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, conversaram na véspera sobre a cooperação da Opep+, informou o Kremlin em um comunicado.
Opção
Moscou se comprometeu a compensar o não cumprimento de sua parcela de cortes com restrições adicionais, mas ainda não forneceu todos os detalhes de como fará isso.
— O consenso é que, se a demanda aumentar no segundo semestre deste ano, a Opep+ teria espaço para começar a reduzir os cortes a partir de outubro — acrescentou Leon, da Rystad.
Há, no entanto, motivos para que o grupo exerça sua opção de “pausar ou reverter” o aumento programado da oferta.