Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

ONU faz análise do combate à fome no Brasil

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Terça, 15 de Março de 2005 às 18:20, por: CdB

Avaliar a situação do combate à fome no mundo é um dos objetivos da 32ª Sessão do Comitê Permanente de Nutrição das Nações Unidas, que acontece até o final desta semana em Brasília. Para analisar a situação dos programas de combate à fome e sua relação com o desenvolvimento social e econômico, a ONU divulgou estudos de caso em quatro nações: Angola, Bolívia, Brasil e Moçambique.

A coordenadora de nutrição do Ministério da Saúde de Moçambique, Sônia Khan, afirma que a experiência do estudo de caso foi importante para a visualização dos principais problemas relacionados à desnutrição no país. "Além disso, vimos como a nutrição e a segurança alimentar podem ser integradas nos programas de redução da pobreza e outros programas de reconstrução nacional."

Em seis anos - de 1997 a 2003 - a desnutrição da população em Moçambique aumentou de 36% para 41%. Sônia Khan acredita que a partir dessa reunião, o governo local faça a divulgação dentro do país e analise as melhores formas de desenvolver programas nutricionais e de segurança alimentar.

- Ainda temos que desenhar os programas que vão nos ajudar a reduzir os níveis de má-nutrição. Esse foi o início para o desenvolvimento dos programas que nós pretendemos desenvolver e implementar no país. Nada foi aplicado ainda, mas o que o estudo de caso nos mostrou vai nos ajudar a desenvolver programas para combater os níveis de má-nutrição em Moçambique.

Os estudos de caso revelaram que intervenções alimentares e nutricionais para reduzir a fome não estão suficientemente desenvolvidas nos planos de desenvolvimento nacionais. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que 852 milhões pessoas no mundo estavam desnutridas entre 2000 e 2002. Desses, 815 viviam em países em desenvolvimento. Os dados divulgados pelo Comitê da ONU mostram que, no mundo, existem 126,5 milhões de crianças menores de cinco anos com peso abaixo do saudável para sua idade e aproximadamente 10 milhões de meninos e meninas da mesma faixa etária morrem todos os anos por causas que poderiam ser evitadas, como a desnutrição.

O coordenador técnico da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH), Flávio Valente, aponta a confusão sobre os termos e a falta de informação como as principais dificuldades encontradas no combate à fome e à má-nutrição.

- Há muita confusão sobre os termos. O que é fome, o que é insegurança alimentar, o que é má-nutrição, desnutrição, obesidade, sobrepeso. Na verdade, o problema é múltiplo. A segunda questão é que nós temos problemas gravíssimos de informação. Não temos informações sobre muitos aspectos nutricionais da população brasileira. Os últimos dados sobre desnutrição ou estado nutricional da população infantil são de 1996. Fica difícil avaliar a situação da população brasileira se não existem dados recentes - relata.

Outra carência apresentada está relacionada à alimentação e à nutrição de determinados grupos populacionais, como quilombolas, indígenas, sem-terra, ribeirinhos, assentados. Não existem dados completos sobre essas populações. De acordo com o estudo de caso brasileiro, "o único estudo de representatividade nacional sobre o consumo de alimentos no domicílio é de 1974-1975".

- O governo se comprometeu a partir desse ano a começar um trabalho de busca de dados nessas áreas. Mas isso não é suficiente. Tem que se garantir que isso aconteça com regularidade. A informação não pode ser assim: um ano tem e outro não tem. Tem que ter freqüência - afirma Valente.

Os estudos apontaram que um diagnóstico preciso e atualizado da situação alimentar e nutricional é fundamental para as ações de planejamento. Além disso, mostraram a elaboração de um estudo de caso é um processo de capacitação em serviço de profissionais.

- Ficou claro que colocar pessoas de vários ministérios juntas para discutir um mesmo problema dá resultado. Elas acabam vendo como a ação delas poderia ser mais

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