Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

ONGs cobram missão da União Europeia para salvar imigrantes

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Quarta, 03 de Agosto de 2022 às 11:21, por: CdB

O apelo é assinado por Médicos Sem Fronteiras (MSF), SOS Méditerranée e Sea Watch, cujos navios socorreram 16 barcos em dificuldade apenas nos últimos cinco dias no Mediterrâneo Central, trecho do mar entre as costas de Tunísia e Líbia, no norte da África, e Malta e Itália, no sul da Europa.

Por Redação, com ANSA - de Bruxelas

As três principais ONGs que atuam no socorro a migrantes forçados no Mar Mediterrâneo cobraram a instituição de uma missão de busca e resgate coordenada pela União Europeia.
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Imigrantes resgatados pelo navio Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras, em outubro de 2021
O apelo é assinado por Médicos Sem Fronteiras (MSF), SOS Méditerranée e Sea Watch, cujos navios socorreram 16 barcos em dificuldade apenas nos últimos cinco dias no Mediterrâneo Central, trecho do mar entre as costas de Tunísia e Líbia, no norte da África, e Malta e Itália, no sul da Europa. "Pedimos aos Estados da UE que coloquem à disposição uma frota adequada de busca e resgate no Mediterrâneo Central, administrada em nível institucional, e que forneçam uma resposta imediata a todos os pedidos de socorro, juntamente a um planejamento dos desembarques dos sobreviventes", afirmam as ONGs. Segundo as entidades, a ausência de uma missão europeia no Mediterrâneo e os atrasos na designação de portos seguros para os náufragos resgatados por navios humanitários "minaram a integridade e a capacidade do sistema de socorro e a possibilidade de salvar vidas humanas". – É nosso dever legal e moral não deixar que essas pessoas se afoguem. Consideradas as exigências, aumentar a capacidade de resposta no Mediterrâneo Central se coloca como uma necessidade imprescindível – reforçou o chefe de missões de busca e socorro de MSF, Juan Matias Gil.

Vácuo institucional

A Itália instituiu em 2013, após a morte de 368 pessoas em um naufrágio na costa de Lampedusa, a missão Mare Nostrum, que usava navios militares para monitorar o Mediterrâneo Central e salvar migrantes em perigo. Em 2015, essa atividade passou a ser exercida pela missão europeia Sophia, que está paralisada desde 2019 por causa de divergências entre os Estados-membros da UE sobre o local de desembarque das pessoas socorridas no mar. A ausência da Sophia favoreceu o aumento dos chamados "desembarques fantasmas", ou seja, barcos clandestinos que conseguem cruzar o Mediterrâneo sem ser notados pelas autoridades. A UE conduz atualmente a missão Irini (paz, em grego), mas esta tem como objetivo apenas garantir o embargo de armas à Líbia. A Itália já recebeu 42 mil migrantes forçados via Mediterrâneo em 2022, crescimento de 40% na comparação com o mesmo período de 2021, de acordo com o Ministério do Interior, e o número vem subindo rapidamente, já que o verão no Hemisfério Norte é mais propício para travessias. Os principais países de origem dos deslocados são Tunísia (7.612), Egito (7.404), Bangladesh (6.389), Afeganistão (3.308) e Síria (2.434). Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 907 pessoas já morreram ou desapareceram na travessia do Mediterrâneo Central em 2022. O recrudescimento dos fluxos migratórios no sul da Itália deve ser um dos principais temas da campanha para as eleições antecipadas de 25 de setembro, que têm a extrema direita como favorita à vitória. Tanto a deputada Giorgia Meloni, líder nas pesquisas, quanto o ex-ministro do Interior Matteo Salvini, terceiro colocado, prometem endurecer as políticas migratórias do país e barrar a entrada de pessoas resgatadas no Mediterrâneo.
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