No total, acrescentou, há 7 milhões de pessoas vivendo em regiões controladas pelo grupo e é “muito, muito difícil” negociar com a milícia jihadista a abertura de vias humanitárias
Por Redação, com ABr - de Isltambul/Beirute:
Cerca de 7 milhões de pessoas vivem atualmente em regiões controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico. Na cidade iraquiana de Fallujah “não há forma de aproximar dos cerca de 55 mil civis”, alertou nesta terça-feira a organização não governamental (ONG) norueguesa Norwegian Refugees Council (NRC).
Jan Egeland, ex-secretário-geral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) e atual diretor da ONG, afirmou durante a Cúpula Humanitária Mundial, em Istambul, que a situação dos refugiados é dramática, mas que é “ainda mais preocupante” o destino daqueles a que as organizações de ajuda humanitária não têm acesso.
– Neste momento, há 55 mil civis no fogo cruzado, na cidade iraquiana de Fallujah, controlada pelo Estado Islâmico, que combate as forças iraquianas, e não há forma de chegar a elas – disse Egeland, responsável por uma das maiores ONG mundiais dedicadas aos refugiados.
No total, acrescentou, há 7 milhões de pessoas vivendo em regiões controladas pelo grupo e é “muito, muito difícil” negociar com a milícia jihadista a abertura de vias humanitárias.
Várias organizações denunciaram, na cúpula de Istambul, as frequentes violações das leis humanitárias e da Convenção de Genebra, como os bombardeios a hospitais ou a ocupação de escolas.
– Não é preciso ser um cientista para apurar que aviões bombardearam um hospital – disse Egeland. “Difundiu-se uma ideia de que o médico do meu inimigo é meu inimigo. Não! O médico do meu inimigo está fazendo o seu trabalho”, destacou.
Atentados
Os atentados terroristas do Estado Islâmico contra dois redutos do regime sírio na segunda-feira deixaram pelo menos 154 mortos, de acordo com novo balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O número de mortos ainda poderá aumentar, já que "vários dos cerca de 300 feridos se encontram em estado crítico", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.
O balanço anterior do Observatório Sírio, divulgado ontem, registrava 148 mortos nos atentados à bomba nas cidades costeiras de Tartus e Jableh, já reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico. As vítimas são quase todas civis, incluindo oito crianças, quatro médicos, enfermeiros e estudantes universitários, informou a ONG que opera na Síria.
Os atentados foram feitos por terroristas suicidas, que conduziram carros-bomba para duas cidades habitadas principalmente por alauitas, a comunidade minoritária a que pertence o chefe de Estado sírio, o presidente Bashar Al Assad. Tanto Tartus quanto Jableh tinham sido relativamente poupadas dos estragos de uma guerra que dura mais de cinco anos na Síria.
O Estado Islâmico informou, em comunicado, que os atentados foram uma retaliação pelos bombardeios feitos pelo regime sírio e pelo seu aliado, a Rússia, e deixou um alerta de que pode estar preparando ataques ainda piores.
O regime sírio responsabilizou a Arábia Saudita, a Turquia e o Catar, seus adversários na região desde 2011 - pela escalada de tensão que resultou nos atentados de ontem.
– Esses atentados representam uma perigosa escalada por parte dos regimes do ódio e do extremismo em Riadi, Ancara e Doha e têm como objetivo fazer com que fracasse um acordo de cessar-fogo na Síria, indicou o regime de Al Assad em carta enviada ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e ao Conselho de Segurança da ONU.