Na retomada da crise econômica causada pela covid-19, o aumento do endividamento ajudou a impulsionar o consumo das famílias. Mas, em meio à inflação elevada, as finanças saíram do controle. As taxas de juros aumentaram e, em agosto, 29,6% das famílias brasileiras tinham contas com pagamento em atraso, também recorde na pesquisa, iniciada em 2010.
Por Redação - do Rio de Janeiro
A nova rodada de pesquisas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada na véspera, mostra que o número de brasileiros endividados atingiu novo recorde em agosto, subindo para 79% do total de famílias. Os números caíram mal na abertura do mercado financeiro, nesta terça-feira.
Na retomada da crise econômica causada pela covid-19, o aumento do endividamento ajudou a impulsionar o consumo das famílias. Mas, em meio à inflação elevada, as finanças saíram do controle. As taxas de juros aumentaram e, em agosto, 29,6% das famílias brasileiras tinham contas com pagamento em atraso, também recorde na pesquisa, iniciada em 2010.
— Principalmente depois dos dados do último PIB (Produto Interno Bruto), sabemos que o crédito tem sido uma via relevante pra dar suporte ao consumo, tanto que o endividamento vem crescendo desde o ano passado — disse a jornalistas a economista da CNC, Ízis Janote Ferreira.
Atrasos
Em agosto, ainda segundo a pesquisa, 29,6% das famílias brasileiras tinham contas com pagamento em atraso, também recorde na pesquisa, iniciada em 2010.
— Principalmente depois dos dados do último PIB (Produto Interno Bruto), sabemos que o crédito tem sido uma via relevante pra dar suporte ao consumo, tanto que o endividamento vem crescendo desde o ano passado — acrescentou Ízis Janote.
A economista lembra, no entanto, que as famílias já estão com nível de endividamento alto; e isso pode comprometer a capacidade de consumo, principalmente, no ano que vem.
— Chega uma hora que esgota — concorda.
O aumento do endividamento, em si, não é um problema, segundo economistas. Em um ciclo virtuoso de emprego e renda, o crescimento poderia significar mais consumo, especialmente dos bens duráveis, como carros e eletrodomésticos, cujas vendas são, tradicionalmente, parceladas pelos consumidores.
O preocupante, no cenário atual, é que o mercado de trabalho tem até gerado empregos, mas com salários menores, especialmente quando descontada a inflação elevada, e as vendas de bens duráveis não têm crescido.