Um levantamento realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que, em 1995, o tema "trabalho escravo" apareceu na mídia 72 vezes. Em 2002, esse número subiu para 260 e, em 2003, atingiu a marca de 1541 vezes. Esse crescimento - segundo cálculo da coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT, Patrícia Audi, de "1900% no último ano" - é destacado como uma grande vitória pelos membros envolvidos na Campanha Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo.
O crescimento da inserção do tema na mídia, ressalva a entidade, nem sempre é amparado por uma elevação qualitativa do material publicado. Erros de informação e conceituais não são incomuns. Por isso - e com o objetivo de amparar os profissionais de mídia que cobrem o assunto - a OIT, em parceria com a Ong Repórter Brasil, lançaram ontem, em São Paulo, um guia para jornalistas, que reúne estatísticas, conceitos, entrevistas, banco de fontes, dicionário, entre outras informações primordiais.
O aumento, segundo a OIT, acompanhou o crescimento do número de denúncias e de libertações de trabalhadores encontrados em situação de escravidão. Na avaliação de Leonardo Sakamoto, presidente da Ong Repórter Brasil, existe um vínculo direto entre o aumento da inserção do tema na mídia e o avanço do combate. "Isso contribuiu diretamente para que a sociedade civil se tornasse mais consciente", comenta. "Seria errado inflar o papel da mídia nesse processo, mas também seria errado reduzi-lo. O fato é que o papel dos meios tem sido fundamental para o combate ao trabalho escravo".
Desde que o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho foi criado, em 1995, foram libertados 10.726 trabalhadores, 4.932 deles somente em 2003. "Isso demonstra o quanto o combate ao trabalho escravo tem aumentado", sintetiza Patrícia.
OIT destaca papel da mídia no combate ao trabalho escravo
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Quinta, 27 de Maio de 2004 às 12:45, por: CdB