Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

O culto ao vinil, ou a adoração pela decrepitude, ou ainda, - Sai da frente que eu quero compactar!

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Quinta, 30 de Junho de 2005 às 22:21, por: CdB

O culto ao vinil, ou a adoração pela decrepitude, ou ainda, - Sai da frente que eu quero compactar!

Os LPs nesses tempos de CD parecem um mero fetiche expansivo. Com a natural compactação de objetos proporcionada pela tecnologia, os discos foram reduzidos em muitas polegadas e passaram por uma espécie de revitalização (ou seja, remasterizações, melhorias na forma de se ouvir inclusive - uma proposta de limpar o som dos ruídos característicos dos discos de vinil). Os CDs são mais fáceis de carregar, manusear e até discotecar. Ah sim, e não precisa virar o lado.
 
Mas por incrível que pareça, muitos ainda escutam LPs. E por mais incrível que ainda pareça, eles estão valendo mais do que os CDs. Um disco do Egberto Gismonti, por exemplo, custa no mínimo R$ 10. Em CD se encontra alguma coisa por R$ 9,99. MPB 4 pode custar R$ 40 (e sem ter sido lançado no "formato moderno"). Elis Regina já vi até a R$ 1.500. E por aí vai. A coisa do retrô acaba adquirindo um lado bastante fashion. No Centro um vinil do Luiz Melodia custa R$ 5. Na Gávea, na loja Tracks, custa R$ 25.     

 
Qual a graça de se voltar ao LP? Com o amadurecimento do CD como produto, e um certo desencantamento com a tal tecnologia, muitos voltaram às velhas bolachas. O CD oxida. O CD perde os dados contidos com o tempo e simplesmente não toca. Ah o CD... é muito moderno... O LP não acaba. Se bem cuidado, não oxida, não pula, não produz ruído.
 
O que aconteceu na verdade com o CD foi uma pasteurização da equalização dos canais de som. Ouça os Beatles em vinil e depois em CD. O som ficou bem aparadinho, ou melhor dizendo, pasteurizado. É como se o som tivesse perdido um pouco da espontaneidade, ficasse achatado junto com o tamanho do CD. Uma guitarra não causa mais a surpresa que causara antes (ou seja, Hendrix se vira no túmulo - ainda mais depois que seus discos foram relançados e remasterizados).
 
Até a maioria dos Djs já aderiu ao formato atual. Como o Globo noticiou, o filho do lendário Big Boy vai discotecar com os discos do pai, só que passados para CD.
 
O formato moderno
 
E quem pensa que o vinil está sozinho nessa onda nostálgica, se engana. Esse ano por exemplo a Semp para de fabricar vídeo cassetes. As fitas de vídeo vão ser os discos de vinil do futuro. O DVD é fisicamente igual a um CD. O vídeo laser ocupou o lugar de maldito que a fita cassete tinha ocupado até então (não tem o charme do vinil nem a qualidade do CD - pro inferno então). O formato moderno, e compacto, veio para ficar e se mostrar da forma mais versátil possível (para quem não sabe, DVD - Digital Versátil Disc).
 
a) Panorama
 
Nos cinemas, a projeção digital veio para ficar também. Em pouco tempo, exibição comercial em cópias de 35mm vai ser fetiche de puristas. A imagem vai ser meramente virtual, assim como as músicas já são (ao serem baixadas da internet) e os livros também (Stephen King já publicou um livro só pela internet - tremenda revolução comercial no mundo literário, o leitor só lia o capítulo seguinte se pagasse, se não pagasse, o livro ficava sem final... genial, revolucionário e, fundamentalmente, virtual).
 
b) Atualidades
 
Voltando para a progressão moderna e compacta de mídias, já foi lançado aqui no Brasil o Dual Disc. O que é isso? É um disco que de um lado funciona como CD e do outro como DVD. O primeiro é To hell with Johnny Cash, da banda Matanza (Deckdisc). E a partir daí as coisas vão ser assim: pequenas, versáteis e, quem sabe, baratas.
 
O Barão Vermelho deu o ponta pé inicial nessa "arte" de explorar as possibilidades do CD em outras mídias aqui no Brasil. Seu Álbum, de 1996, vinha com uma faixa interativa (CD Rom). O Dual Disc é o ponto final para esse formato. Agora, só no próximo suporte. E não se surpreendam se ele vier no tamanh

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Edições digital e impressa
 
 

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