Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Número de favelados deve dobrar até 2030

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Segunda, 06 de Outubro de 2003 às 07:31, por: CdB

O número de pessoas vivendo em favelas deve dobrar até 2030, diz um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nesta segunda-feira. Atualmente, segundo a ONU, quase um bilhão - o equivalente a um sexto da população mundial - vive em favelas.

No relatório The Challenge Of Slums: Global Report On Human Settlements 2003 (O Desafio das Favelas: Relatório Global sobre a Moradia Humana), a organização diz que sem mudanças radicais na atual taxa de crescimento de favelados, esse número deve chegar a 2 bilhões em 30 anos. Estima-se que a população mundial gire em torno de 8 bilhões no mesmo período, o que significa que um quarto da população pode estar vivendo em favela em três décadas.

O aumento previsto é resultado de um processo de urbanização rápido e desorganizado, sobretudo no mundo em desenvolvimento. Cerca de 60% dos moradores de favela do mundo estão na Ásia, principalmente na Índia, no Paquistão e em Bangladesh. A África é responsável por 24% desse total. Outros 14% estão na América Latina, liderada pelo Brasil.

Explosão

De acordo com o trabalho, os anos 90 assistiram a um rápido aumento da população das favelas. Os dirigentes do programa ONU-Habitat, que realizou o estudo, dizem que a existência de favelas deveria "envergonhar o mundo inteiro".

Ele afirma que o estudo é o mais profundo sobre o assunto já realizado e foi baseado em dados recolhidos em 37 cidades em vários países do mundo. Em 2001, diz o relatório, 924 milhões de pessoas, 31,6% da população urbana mundial, viviam em favelas, a maioria delas em países em desenvolvimento.

O relatório diz que o número de favelados quase certamente aumentou substancialmente durante a década de 90. Mas diz que, em geral, os países deixaram para trás "políticas negativas tais como deslocamento forçado e negligência" em relação ao problema. Em suas recomendações para mudanças, o relatório pede que os governos tratem "mais vigorosamente do tema da sobrevivência financeira dos favelados e da pobreza urbana em geral".

Para a ONU, as políticas têm que ser inclusivas e deveriam envolver os próprios favelados na identificação dos seus problemas e na implementação de soluções. O relatório enfatiza ainda a importância de fornecer segurança de moradia (apesar de não necessariamente direito de propriedade automático) para persuadir as pessoas a investirem em suas comunidades.

A diretora-executiva do projeto Habitat, Anna Tibaijuka, disse à BBC que a "primeira solução é reiterar a necessidade de vontade política" para alterar a realidade. "Nós todos deveríamos estar envergonhados por ter esses vizinhos não-planejados em nossas cidades".

O relatório expressa temores sobre a globalização, dizendo que evidências sugerem que, em sua forma atual, ela "nem sempre funcionou em favor da população pobre urbana", disse Tibaijuka. "A globalização é um trabalho em progresso, e precisa ser regularizada. Temos que tentar maximizar os benefícios. Seria ingênuo dizer que não há nada que possamos fazer para controlar suas desvantagens."

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