No encontro virtual promovido pelo Citi, Guillen mencionou fatores relacionados a governança, agenda fiscal e política tarifária.
Por Redação, com Reuters – de Brasília
Diretor de Política Econômica do Banco Central, o economista Diogo Guillen afirmou, nesta sexta-feira, que indicadores analisados pela autarquia na decisão de juros deste mês indicaram que o mercado financeiro vê um cenário menos incerto, mas a autoridade monetária continua acreditando que o nível de incerteza é alto.

No encontro virtual promovido pelo Citi, Guillen mencionou fatores relacionados a governança, agenda fiscal e política tarifária.
— Quando estávamos nas apresentações para o Copom, vimos que muitos dos indicadores de incerteza dos mercados retornaram, e dissemos ‘olha, talvez os mercados estejam pensando que a incerteza diminuiu, mas ainda achamos que ela está alta’ — afirmou.
Para o diretor, essa incerteza tem possíveis impactos em inflação e crescimento, com maior probabilidade que o usual de ocorrência de cenários extremos.
— Ainda achamos que há muitos riscos estruturais relacionados à governança, ao aspecto fiscal, ao impacto das tarifas… Nós devemos permanecer cautelosos por causa dessas incertezas — pontuou.
Fatores
Na reunião digital, Guillen afirmou que a reação da política monetária não mudou e que o BC toma suas decisões olhando para um conjunto de fatores como projeções de inflação, expectativas de mercado e ociosidade da economia, e não para apenas um aspecto.
Em relação à indicação do BC de que pretende manter a Selic inalterada em 15% por período bastante prolongado para levar a inflação à meta, Guillen disse que esse apontamento não é baseado em um horizonte específico e não é rígido.
O executivo afirmou, ainda, que o cenário está se desenrolando como o esperado na transmissão da política monetária, apontando que indicadores sugerem uma continuidade, no terceiro trimestre, da tendência de moderação do crescimento econômico, mesmo com sinais mistos.
Segundo o diretor, o mercado de crédito ficou mais apertado nos meses recentes, com famílias e empresas pagando mais do que contraindo crédito.
Eleições
Guillen disse também que a autarquia vai observar os efeitos do período eleitoral sobre indicadores do país, mas com foco em fundamentos da economia e eventuais impactos sobre projeções e riscos para a inflação. O economista ressaltou que não há uma ligação direta entre eleições e movimentos da política monetária ou cambial, com esse tipo de acompanhamento sendo feito não apenas durante períodos eleitorais.
— Obviamente, se isso tiver impacto nos preços de mercado, inflação ou moeda, se tem impacto na inflação, então vamos analisar. Não é algo com uma conexão direta… Se tiver algum impacto em um preço ou em uma projeção, vamos levar isso em consideração. Mas levamos em consideração assim como levamos tudo em consideração — acrescentou.
Na apresentação, o diretor do BC reafirmou que a valorização recente do real foi causada em parte pelo diferencial de juros com os Estados Unidos e também acompanha o movimento global do dólar.