Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Não se esqueça Jair, de levar a escova de dentes

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Sábado, 19 de Agosto de 2023 às 18:33, por: Rui Martins

Sob o aspecto moral, é até chocante que, dentre o rosário de crimes cometidos pelo palhaço sinistro antes, durante e depois da temporada de quatro anos do circo dos horrores no Palácio do Planalto, ele vá começar a ver o sol nascer quadrado como consequência de um dos mais insignificantes: a venda de jóias das quais se apropriou ilegalmente.


Por Celso Lungaretti

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Finalmente, apesar de tantos crimes graves, Jair Bolsonaro acabará sendo preso por roubo de jóias


Inclusive, isto acaba sendo uma meia vitória para ele, que tanto fez para normalizar o extermínio de idosos, pobres e indígenas: os podres Poderes parecem dar-lhe razão, pois, ao invés de o submeterem a um julgamento exemplar como o da quadrilha de Hitler pelo tribunal de Nuremberg, vão puni-lo primeiramente como um camelô de muamba.

Isto diz muito sobre o analfabetismo político (grande Brecht!) e ético de considerável parcela do nosso povo. Os, repito, podres Poderes decidiram que seria mais palatável e imune a badernaços uma sentença por transgressão bem conhecida e muito repudiada pela parva gente brasileira do que uma pelo maior dos crimes que se pode cometer contra os seres humanos: tirar-lhes a vida.

...e a nova delinquência, que deverá dar
um fim à sua carreira criminosa...

É óbvio que, depois do abre-alas, virá o resto do desfile: outras condenações estão a caminho. Afinal, nem mesmo num país que não é sério pode passar batido o abate como gado de centenas de milhares de pessoas indefesas que, noutras circunstâncias, teriam sobrevivido à pandemia de covid.

Seria passar recibo de que o Brasil é um país sem lei, sem princípios, sem humanidade, sem nada que o diferencie da horda primitiva.

Como único consolo para os brasileiros realmente civilizados, está o fato de que o psicopata da necropolítica é e sempre foi um ladrão de galinhas, enfileirando três décadas de mandatos legislativos nos quais, pela sua própria mediocridade e irrelevância, conseguiu passar despercebido para os que tinham a obrigação de puni-lo, enquanto nada, absolutamente nada, fazia de útil para o país e para o povo brasileiro.

Se não, vejamos sua folha de serviços:
...antes tarde do que nunca!
— desviou tanta grana quanto pôde para si e para seu clã;
— acumpliciou-se com a modalidade de crime organizado conhecida como milícias do Rio de Janeiro;
— esmurrou em público o então deputado federal Randolfe Rodrigues;
— proveu medalhas e homenagens a assassinos bestiais, e,
— enfim, foi sempre um defensor e propagador dos comportamentos mais ilegais, espúrios, abjetos e degradantes

Então, faz sentido que vá ser finalmente oficializada esta característica que marcou toda a trajetória do Bozo: a de ladrão de galinhas.

E a pergunta que não quer calar é: como todos nós permitimos que um tão escrachado ladrão de galinhas passasse três décadas parasitando impunemente o Legislativo e acabasse se tornando o pior presidente brasileiro de todos os tempos (inclusive minando as instituições e avacalhando a imagem das Forças Armadas como nem o pior dos inimigos até então o fizera)?

Torquato Neto estava certíssimo: aqui é o fim do mundo.(Publicado no blog Náufrago da Utopia)

Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contra ditaduras.


Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.

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