Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Golpistas presos, a luta segue

Análise sobre a condenação de golpistas e os desafios políticos no Brasil. A luta pela vitória em 2026 se intensifica, enquanto a extrema direita enfrenta divisões internas.

Sexta, 28 de Novembro de 2025 às 11:19, por: CdB

Por enquanto, a extrema direita bolsonarista se consome em divergências internas e na tentativa de parir uma vociferante candidatura.

Por Luciano Siqueira – de Brasília

Há inúmeras razões para comemorar o desfecho do julgamento dos golpistas — agora cumprindo pena em instalações da Polícia Federal e em quartéis. É a primeira vez na história do país em que militares de alta patente são condenados e levados à prisão por tentativa de golpe.

Golpistas presos, a luta segue | Jair Bolsonaro durante julgamento
Jair Bolsonaro durante julgamento

Mas a complexidade da luta política no país recomenda considerarmos o conjunto das variáveis em presença. A luta segue.

Há de imediato uma missão em certa medida decisiva para os rumos do país, a “vitória do Brasil em 2026. Mudanças para o desenvolvimento soberano”, assim anunciada na resolução política do 16º Congresso do PCdoB.

Nada fácil, ainda que Lula cresça nas pesquisas (agora figurando como favorito no primeiro e no segundo turno) e as hostes oposicionistas estejam temporariamente divididas e desarvoradas.

Na esfera estritamente política, o complexo midiático dominante (enquanto corrente de opinião convergente, na prática o mais influente “partido” político do país) empenha-se no combate cerrado ao governo e na busca de uma candidatura presidencial oposicionista viável, se possível de centro-direita, com o apoio da extrema direita.

Por enquanto, a extrema direita bolsonarista se consome em divergências internas e na tentativa de parir uma vociferante candidatura, talvez um dos filhos do ex-presidente prisioneiro.

Mais do que aparenta no jogo estritamente político, nem a Faria Lima nem Wall Street se conformam com a perspectiva de mais um mandato para Lula.

Capital financeiro

Simbolizam poderosos interesses representados sobretudo pelo capital financeiro – materializado num mercado de capitais considerado o 13º maior do planeta, o 3º em derivativos e o 11º em fundos -, que sustentam a cantilena de que a essência das limitações financeiras do Estado brasileiro se encontra nas despesas primárias (com saúde, educação e programas sociais compensatórios) – cerca de os R$ 40 bilhões este ano, a despeito de que o déficit total nas contas públicas até dezembro deva atingir 1 trilhão e 40 bilhões de reais!

Sobre os gastos com juros, que alcançam RS 1 trilhão, nenhuma palavra.

Tudo a ver com a correlação de forças adversa na Câmara dos Deputados e no Senado. E com a dificuldade de se retomar o desenvolvimento econômico a partir da reindustrialização e de se melhorar o padrão de vida do povo.

Nessas circunstâncias, a ação política “por cima” há que se fazer tão determinada quanto flexível, no intuito de ampliar mais ainda a frente democrática em torno de Lula; e “pela base”, inventiva no sentido de gerar alternativas práticas correspondentes ao tempo presente, mirando a mobilização do povo nos salões, nas redes digitais e nas ruas.

 

Luciano Siqueira, é médico membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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