Data Folha confirma que a disputa presidencial no campo da direita continua restrita a dois nomes, em disputa autofágica: Michelle Bolsonaro é a preferida de 22% do eleitorado e Tarcísio de Freitas, de 20%.Flávio Bolsonaro, o favorito do Papai, não passa de carta fora do baralho, com míseros 8% de adesões.
Por Celso Lungaretti, editor do blog Náufrago da Utopia

Mas, misógino como sempre, o Jair prefere apostar no azarão Flávio do que na esposa Michelle. Já está em franca decadência e ainda desperdiça a oportunidade de agradar às mulheres (52,5% do eleitorado).
Ademais megalomaníaco, o homem da tornozeleira de ferro parece ignorar que não tem mais poder de fogo para obrigar o Legislativo a conceder-lhe anistia nenhuma.
Possuidor de carisma zero, Flávio pouco tende a melhorar agora que o Jair fez a besteira de definir seu apoio a ele, o filho número um. Já passou o tempo em que o posicionamento do então presidente demente tinha peso decisivo…
Como cansei de repetir aqui, ninguém é líder dos brucutus da extrema-direita depois de refugar em três momentos decisivos, como o Jair fez no 7 de setembro de 2021, no Dia da Pátria de 2022 e no 08.01.2023.
Já o Lula, único candidato da domesticada ex-querda, terá de fazer o milagre da multiplicação dos votos se quiser um quarto mandato apesar de não estar dando conta nem do terceiro.
É que ele precisará desesperadamente de 50% mais um dos votos no primeiro turno, caso contrário será engolido pela direita unida no segundo turno.
Optar pelas eleições da democracia burguesa ao invés dos movimentos no seio da sociedade, deixando o terreno livre para a direita na praça que era do povo como o céu era do condor (agora a praça pertence mais aos urubus…) teve um preço.
Se a direita continuar cometendo tantos erros, o Lula poderá até ganhar eleições mas não para ser presidente de verdade, dependente que está do centrão. para vencer qualquer votação importante no Legislativo.
Depois de dois mandatos presidenciais, talvez ele acumule outros dois como rainha da Inglaterra. Talvez.
MICHELLE A EVA PERÓN BRASILEIRA?
A vitória de Michelle Bolsonaro contra a articulação PL-PSDB no Ceará dá o que pensar.
Foi um claro movimento para ela se colocar como a herdeira do bolsonarismo, botando para escanteio Flávio e Carlos Bolsonaro, que haviam acertado a barganha para viabilização da candidatura de Ciro Gomes ao Senado.
Como Eduardo Bolsonaro se desmoralizou totalmente com suas estrepolias estadunidenses, a candidatura presidencial mais viável da família, neste momento, é a de Michelle.
Faz lembrar a Eva Perón, que não passava de uma atriz de novelas radiofônicas quando a união com Juan Domingos Perón lhe deu a oportunidade de se tornar a segunda maior liderança política da Argentina.
Se Evita virou a voz estridente dos descamisados, Michelle tem tudo para se tornar a santa redentora dos evangélicos (embora haja quem a considere apenas uma santinha do pau oco).
Quem chegou a acreditar que o Jair fosse Messias em algo além do sobrenome, crê em qualquer coisa.
Michelle é, provavelmente, o único contraponto à união da direita em torno de Tarcísio Freitas. Os três filhos Patetas do Jair não têm carisma nem base eleitoral própria para competirem com ela. E Papai, no xilindró, pode fazer muito pouco por eles.
Há outra afinidade entre as trajetórias de Eva e Michelle que quem assistiu ao filme Evita, dirigido por Alan Parker e estrelado pela Madonna, certamente notará. A fita está disponível no streaming da Disney para quem quiser conferir.
Eu sei o que elas duas fizeram em verões passados.
Registro a semelhança, mas só como curiosidade. Se há algo que eu não sou é preconceituoso…
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Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contra a ditadura militar e contra os golpistas bolsonaristas.
Direto da Redaçao é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.