O conselho é bem-vindo e devemos aproveitá-lo, enquanto é tempo.
Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro
Não é pouca coisa, no mundo, o domínio dos países capitalistas. E há séculos. O poder seduz, como presenciamos até nos dias de hoje, a ponto de pagar por traições, subterfúgios, mentiras, tramas sórdidas e toda sorte de maldades, com um punhado de dólares. Já nem disfarçam mais. Vide o caso do bilionário norte-americano que sai lá dos canfundós do Texas para tirar satisfações com a Corte Suprema brasileira. Na cabeça dele - e de todos aqueles que se curvam para a regra de ouro do capitalismo: 'se quiser, pegue. Se pegar, pague' - você e portanto, seus interesses, vale o quanto tem no bolso. Diante de um argumento desses, difícil explicar que a vida não é bem assim.
Como traduzir, para seres dessa espécie que por alguns gramas de ouro derrubam uma floresta inteira, que o único planeta que conhecerão será esse? Eles, os filhos deles e, aí vem a pior parte, os nossos também. Ou seja, dividimos o mesmo espaço nesta existência com o contingente de algumas centenas de pessoas que têm por objetivo principal na vida acumular quantidades histéricas de dinheiro, com a certeza de que comprarão algo mais; além do que alguns metros cúbicos de terra sobre seus caixões. Há, no entanto, um movimento na Europa, berço dessa obscuridade, liderado pela austríaca Marlene Engelhorn, neta de um industrial, que propõe a distribuição dessa riqueza, sob certas condições éticas. Sinal que há algum juízo em meio a tamanho egoísmo.
Viralatismo
Embora o avanço da estupidez, do negacionismo diante o futuro sombrio que nos aguarda, demonstrado na força que elegeu alquele que vocês sabem quem mas é melhor nem dizer o nome, e com ele a malta de parlamentares da ultradireita neofascista que infesta o Parlamento, prestes a subjugar os destinos de milhares de meninos e meninas que por simples diversão acenderam um 'baseadinho', ao inferno de um presídio; não é hora de ceder um milímetro do que já foi conquistado até agora. E não foi pouco, embora nada decisivo o suficiente para determinar a preponderância social sobre a propriedade privada, sobre o lucro; o fim do preconceito de qualquer espécie; ou, ainda, a preservação da Terra para as futuras gerações, sobre qualquer outro objetivo pessoal de quem quer que seja.
Trata-se de uma batalha aparentemente eterna, mas que se resolverá diante da determinação de quem se recusa a ficar pelos cantos, reclamando que o mundo é injusto, a vida é difícil e não há mais tempo para mudar esse estado de coisas. E assim, deixar para trás o tal viralatismo que assola o país, a ponto de um presidente, eleito por milhões de brasileiros, bater continência para a bandeira de outro estado nacional. Enterrar, de uma vez, por todas, a prevalência do individualismo pueril; o identitarismo generalizado, diante do sacrifício de tantas vidas que amargam a fome, a miséria e a ignorância.
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.