Rio de Janeiro, 25 de Março de 2025

‘O mundo está em transformação’, previne ministro Celso Amorim

Celso Amorim analisa as transformações globais e o impacto do mandato de Donald Trump no multilateralismo e na ordem mundial.

Domingo, 23 de Março de 2025 às 13:33, por: CdB

O mandato do presidente norte-americano, Donald Trump, ainda em seu início, acabou com “uma certa hipocrisia do multilateralismo”, avaliou Amorim.

Por Redação – de São Paulo

Ex-chanceler e atual assessor especial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o diplomata Celso Amorim, que reúne a experiência de embaixador e ministro das Relações Exteriores, constata que o mundo vive uma das maiores transformações estruturais das últimas décadas.

‘O mundo está em transformação’, previne ministro Celso Amorim | O diplomata Celso Amorim é assessor de máxima confiança do presidente Lula
O diplomata Celso Amorim é assessor de máxima confiança do presidente Lula

O mandato do presidente norte-americano, Donald Trump, ainda em seu início, acabou com “uma certa hipocrisia do multilateralismo”, avaliou Amorim, em declaração à jornalista Mônica Bergamo, colunista do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, neste domingo.

Ao desafiar a ordem mundial até então vigente e renegar a condição de superpotência, o atual presidente passa a defender os interesses de seu país, “de forma deslavada”. É preciso, portanto, “se reorganizar diante de novos desafios”, orienta.

 

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Multipolar

Se Trump poderá aderir à tese bolsonarista de que o Brasil vive sob uma ditadura judicial, para Amorim, o ex-mandatário neofascista “ficou pequeno diante das grandes questões do mundo”; além do que, o presidente norte-americano respeita o poder, e não quem “fica lá querendo adular”.

As mudanças em curso, no mundo, na visão do embaixador, ocorrem de maneira célere. A governança pós-Segunda Guerra Mundial, diz Amorim, “passa por um desmonte. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, diz que não é mais normal termos uma potência unipolar e que rumamos para um mundo multipolar”. 

— Nós estamos vivendo, de certa maneira, a hora da verdade. Os EUA e a Rússia foram os principais vitoriosos (da Segunda Guerra), mas os EUA tinham muito mais influência. E construíram um mundo à imagem e semelhança do que desejavam, com diferenças com a União Soviética e, depois, com a China. Na letra, essa era a ordem internacional vigente — disse.

 

Inesperado

Mas, segundo o entrevistado, “Havia conflitos (e) de alguma maneira, uma defesa dessas regras internacionais”.

— O primeiro grande abalo nessa ordem foi a queda do muro de Berlim (em 1989) e a dissolução da União Soviética, algo que ninguém imaginava que poderia acontecer. O mundo também muda de forma inesperada. A minha geração passou por duas transformações estruturais imensas. A primeira foi o fim da União Soviética. E agora temos outra enorme mudança, imensa, com os (norte-)americanos renegando a ordem que eles mesmos criaram — conclui.

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