A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) está na mira das investigações do Ministério Público Federal (MPF). A empresa é acusada de pagar propina ao PT, para que as empresas fluminenses não fossem fiscalizadas pelo INSS, mas o esquema também teria sido feito no governo Fernando Henrique Cardoso. A apuração se baseia em conversa telefônica gravada em agosto do ano passado pela Polícia Federal, com autorização judicial. Waldeck Ornellas, que ocupava o cargo de ministro da Previdência no governo FHC, nega as denúncias.
Na conversa com a auditora fiscal Maria Teresa Alves, a então presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Rio de Janeiro (Sinsera), Maria Auxiliadora de Vasconcellos, diz que o ex-ministro Amir Lando lhe relatou o esquema da propina e que ele havia recebido ordens do então ministro da casa Civil, José Dirceu, para afrouxar a fiscalização. Segundo ela, o dinheiro seria recolhido pelo o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Na reunião com o ministro, a fiscal teria entregue um dossiê com denúncias sobre o superintendente do INSS no Rio, André Ilha. O ex-ministro Amir Lando também nega as acusações.
- O (então) ministro José Dirceu jamais determinou que não se fiscalizasse o Rio de Janeiro - disse. A Firjan emitiu nota em que afirma desconhecer o esquema. Também em nota, o deputado José Dirceu disse que as acusações são infundadas.
Maria Auxiliadora foi presa em 6 de maio pela Polícia federal, acusada de participar de uma quadrilha de 13 fiscais do INSS que praticavam extorsão contra empresas do Estado, o que causou um rombo de R$ 3 milhões na Previdência Social.
Nos últimos dias, cresceram as especulações de que o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, seria convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o Ministério da Previdência ou o das Cidades. Gouvêa Vieira entrou, a partir desta terça-feira, para a comitiva do presidente Lula em Paris.