Depois do chamado 29M, com atos que alcançaram números consideráveis de participação popular, em 29 de maio, contra o governo de Jair Bolsonaro, dezenas de movimentos populares organizam nova manifestação presencial, marcada para o próximo sábado.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Depois do chamado 29M, com atos que alcançaram números consideráveis de participação popular, em 29 de maio, contra o governo de Jair Bolsonaro, dezenas de movimentos populares organizam nova manifestação presencial, marcada para o próximo sábado.
A ideia é repetir o formato, com atividades por todo o país, a de São Paulo voltará a ser diante do Masp, a partir das 16h, mas ampliando o leque de apoios. Tanto de entidades, como as centrais sindicais, como entre forças partidárias.
Os atos de 29 de maio foram vistos com cautela mesmo entre apoiadores do “fora Bolsonaro”, devido aos riscos causados por aglomerações na pandemia.
Responsáveis pelo já nomeado 19J entendem as ressalvas. No entanto, argumentam que a crise (sanitária, econômica, política) chegou a um limite. E que o presidente não pode permanecer no cargo até 2022.
Assim, as ruas são um elemento decisivo para alterar a correlação de forças no Congresso e aumentar a pressão pelo impeachment, que não é posto em pauta apesar das dezenas de pedidos já apresentados.
Mais que “notas de repúdio”
Coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim enfatiza a importância do “fator rua” para sensibilizar parlamentares e a própria sociedade.
Segundo ele, o peso é muito maior do que a infinidade de “notas de repúdio” divulgadas repetidamente contra Bolsonaro. “A manifestação do dia 29 teve mais repercussão do que todos os manifestos de 2020”, afirma. “Não foi só a rua, a repercussão nas redes sociais foi fantástica. O Brasil se levantou.”
Ele mesmo diz ter se admirado com a amplitude dos atos do mês passado, que atingiram todas as regiões e tiveram concentração significativa nas cidades maiores.
– Confesso que fiquei surpreendido. Em São Paulo, estava esperando 30 mil pessoas, e foi superado de longe – diz Raimundo, observando que mesmo setores do campo democrático “não botavam fé” no protesto.
– Foi o maior ato contra o governo Bolsonaro, não só na pandemia. Segundo ele, muitas pessoas que mantinham isolamento “abriram exceção” para participar das atividades e, dessa forma, mostrar sua insatisfação.
Protocolos sanitários
O ativista admite que nos atos com maior quantidade de pessoas é mais difícil controlar a questão do distanciamento, mas mesmo assim a preocupação em seguir cuidados e protocolos foi constante. E isso irá se repetir no dia 19.
Segundo ele, os cuidados serão “redobrados”, com equipes de saúde e recomendações insistentes para que as pessoas tentem manter distância de pelo menos 1,5 metro umas das outras e levem máscaras e álcool em gel, inclusive para oferecer a outros manifestantes, se necessário.
Plenária nacional marcada para esta quinta-feira vai discutir detalhes da organização, preparada, principalmente, pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. Na quarta, centrais sindicais anunciaram manifestações na véspera e apoio ao ato do dia 19.
O que acontece, avalia Raimundo, é que a situação chegou a um limite.
– A grande maioria dos trabalhadores nunca teve o direito de ficar isolado. Pega trem, metrô, ônibus, se aglomerando para sobreviver. O índice de desemprego aumenta. A CPI (da Covid, no Senado) avança para de fato colher provas materiais do que foi a política criminosa de sabotagem na compra de vacinas. É um governo criminoso, que precisa ser afastado.
Ameaça à democracia e a direitos
Ele aponta queda da popularidade do presidente, mas acrescenta que isso acontece devido ao “sofrimento” das pessoas.
– O Brasil virou chacota internacional. (Há uma) ameaça forte à democracia e de destruição do próprio Estado, que deveria assegurar o bem-estar da população – diz ainda o ativista, citando como exemplos a política de privatizações em curso e as tentativas de fragilizar o licenciamento ambiental. Por isso, argumenta, o “elemento rua” é decisivo. “O que teremos de Estado em 2022?”
Raimundo critica ainda a decisão do governo de sediar a Copa América em meio à pandemia. “Enquanto os cemitérios estão abarrotados e pessoas em filas de hospitais. Uma irresponsabilidade que só se justifica pelo interesse econômico da Conmebol, da CBF. É o lucro acima da vida.”