Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Mortes passam de 110 após novos corpos encontrados na Penha

Mais de 50 corpos foram encontrados na Penha após a operação mais letal do Rio de Janeiro, elevando o número de mortes para mais de 110. Entenda os desdobramentos.

Quarta, 29 de Outubro de 2025 às 10:20, por: CdB

Mais de 50 corpos foram encontrados por moradores em área de mata no dia seguinte à operação policial mais letal do Rio.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, retiraram ao menos 50 corpos de uma área de mata na manhã desta quarta-feira no dia seguinte à operação mais letal da história do Rio.

Mortes passam de 110 após novos corpos encontrados na Penha | Moradores encontram mais corpos no dia seguinte de operação mais letal do Rio
Moradores encontram mais corpos no dia seguinte de operação mais letal do Rio

Dados oficiais do governo estadual do Rio ainda indicam 64 mortes — se oficializadas o número passará de 110. Fontes ouvidas pela Agenda do Poder que participaram da ação já indicavam que número de óbitos passaria de 100. Ainda não há informações se os corpos encontrados na área de mata fazem parte dessa contabilidade, ou se podem indicar um aumento no número de óbitos.

Os corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada João Lucas, uma das principais vias da região. Segundo testemunhas, as pessoas mortas foram encontradas em buscas na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos na noite desta terça-feira. Moradores afirmam que ainda há corpos na Vacaria, outra área de confrontos.

O ativista Raull Santiago ajudou a retirar os corpos da mata e tem publicado informações do caso nas suas redes sociais. “Mais lonas foram esticadas para dar conta dos corpos que estão sendo encontrados”, escreveu em sua última postagem, com uma imagem da lona estendida no chão.

Quatro policiais estão entre as vítimas fatais e outros nove se feriram no tiroteio nos conjuntos de favelas apontados pelas autoridades como o principal reduto do Comando Vermelho, principal facção criminosa em atuação no Rio.

A ação causou desdobramentos políticos e de autoridades no país. A Defensoria Pública apontou violações e abusos. O governo federal mandará uma comitiva ao Rio para discutir a Segurança Pública após o governo Lula convocar a cúpula às pressas para uma reunião de emergência. Já a Câmara dos Deputados decidiu antecipar a análise da PEC da Segurança. Cláudio Castro, governador do Rio, solicitou o envio de 10 líderes presos para unidades de segurança máxima, pedido atendido pelo governo federal.

Alto Comissariado da ONU

No exterior, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pede que as mortes sejam investigadas de forma rápida. “Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro”, disse a entidade nas redes sociais. “O Rio precisa de uma nova política de segurança pública, que pare de estimular confrontos que vitimizam moradores e policiais”, afirmou a ONG Human Rights Watch.

A ação tinha como objetivo garantir o cumprimento de 100 mandados de prisão de pessoas ligadas ao crime organizado. Entre elas, Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como o líder da facção nas ruas. Em meio à escalada da violência da operação, o Disque Denúncia passou a oferecer recompensa de R$ 100 mil por informações sobre o seu paradeiro. É o maior valor pago pelo programa desde a divulgação do cartaz com o rosto de Fernandinho Beira-Mar, líder do CV preso pela primeira vez em 2001.

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