Ronald Reagan, um ator de Hollywood que mudou a política norte-americana, chegou à Presidência do país em 1981.
O ex-presidente morreu no sábado aos 93 anos, após uma longa batalha contra o mal de Alzheimer.
Ele era um otimista e um mestre da simples doutrina, criticada por alguns como simples demais, de menos impostos, governo menor, defesa nacional maior e patriotismo sem fim.
Apesar de isso soar familiar para um líder conservador, foi novidade e ousadia quando Reagan começou seu mandato, que foi marcado por um renascimento econômico, o colapso do comunismo soviético, imensos déficits orçamentários, uma tentativa de assassinato e alguns escândalos.
As convicções de Reagan e seu jeito alegre conquistaram os eleitores, cansados de políticos indecisos. Ele se tornou o primeiro presidente de direita nos EUA em 50 anos, o primeiro em 30 anos a conquistar dois mandatos e o primeiro na história a gastar um trilhão de dólares em defesa durante tempos de paz.
Reagan deixou a Presidência com popularidade maior do que qualquer um de seus antecessores, apesar do escândalo Irã-Contras que abalou seus últimos anos na Casa Branca.
Quando ele passou o bastão para seu protegido George H.W.Bush em janeiro de 1989, foi uma despedida típica de sua personalidade autoconfiante.
"Queríamos mudar uma nação e, em vez disso, mudamos o mundo", afirmou quando ele e sua mulher, Nancy, deixaram o poder rumo a uma vida de aposentados na Califórnia.
Mesmo após atingido pelo mal de Alzheimer em 1994, Reagan mostrou em uma carta a "Meus Colegas Americanos" que tinha fé no futuro.
"Quando o Senhor me chamar...partirei com o maior amor por este nosso país e um eterno otimismo por seu futuro", disse na carta divulgada em 5 de novembro de 1994.
Três dias depois, os norte-americanos comprovaram o fascínio das idéias conservadores que ele abraçou ao dar aos republicanos o controle total do Congresso pela primeira vez em 40 anos.
Como presidente, contudo, Reagan era de fato um paradoxo.
Ele abominava negociação com pessoas que fizessem reféns e pedia boicote de armas contra países acusados de fomentar o terrorismo, mas também vendeu armas ao Irã em uma operação clandestina que virou o mais grave escândalo de sua Presidência.
Reagan construiu uma carreira sustentada em forte retórica anticomunista e crítica ao Kremlin, mas desenvolveu sentimentos afetivos pelo líder soviético Mikhail Gorbachev ao longo de cinco cúpulas onde se encontraram.
O ex-presidente e Gorbachev colocaram em vigor um tratado proibindo mísseis de alcance intermediário, o primeiro a abolir uma classe inteira de armas nucleares.
Muitos vêem o colapso da União Soviética anos depois como em parte ligado ao estresse econômico causado por tentar competir com a incansável política militar dos EUA.
Ele deixou a Presidência duas semanas antes de completar 78 anos, em 1989, sendo de longe o presidente mais velho que os EUA já tiveram.
Em 1981, ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato, em 1895 a uma operação por um câncer de cólon e em 1987, a uma cirurgia por câncer de próstata e de pele.
Ronald Wilson Reagan nasceu em 6 de fevereiro de 1911 em Tampico, no Estado de Illinois, o segundo filho de Jack e Nellie Reagan.
Seu pai era um vendedor itinerante e bebia muito, tendo dificuldades em manter a mulher e os dois filhos nas constantes mudanças de uma cidade para outra.
Depois de se formar em 1932, Reagan foi trabalhar como radialista.
Em meio à Grande Depressão, Reagan rumou para Hollywood em busca de uma carreira no cinema. Ele fez 51 filmes de 1937 a 1964, em sua maior parte comédias e romances.
Durante a carreira no cinema, conheceu suas duas mulheres, as atrizes Jane Wyman e Nancy Davis. Com Wyman teve uma filha, Maureen, e adotou um filho, Michael. No segundo casamento teve Patricia e Ronald.
Reagan, um democrata liberal e admirador de Franklin D. Roosevelt, converteu-se a conservador no começo dos anos 1950, em plena Guerra Fri