Na véspera, Contarato anunciou a saída do partido Rede Sustentabilidade para se filiar ao PT. Delegado da Polícia Civil do Espírito Santo por quase 30 anos, o senador passou a ser um crítico de métodos adotados pela Operação Lava Jato. Em seu primeiro ano de Brasília, ele chegou a ‘bater boca’ com então ministro de Jair Bolsonaro, Sergio Moro.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Há uma inflexão importante, para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, consolidada na filiação do senador Fabiano Contarato ao PT, que pode indicar uma rejeição maior ao lavajatismo partidarizado, representado nas candidaturas do ex-juiz e ministro Sergio Moro e do ex-coordenador da força tarefa, Deltan Dallagnol, ambos do Podemos. É o que destacou o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP) à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta terça-feira.
Na véspera, Contarato anunciou a saída do partido Rede Sustentabilidade para se filiar ao PT. Delegado da Polícia Civil do Espírito Santo por quase 30 anos, o senador passou a ser um crítico de métodos adotados pela Operação Lava Jato. Em seu primeiro ano de Brasília, ele chegou a ‘bater boca’ com então ministro de Jair Bolsonaro, Sergio Moro.
Numa entrevista ao site norte-americano de notícias The Intercept Brasil, o senador contou que, mesmo com 27 anos de polícia, a única vez em que foi ameaçado de morte foi após o embate com Moro.
Anti-lavajatismo
A avaliação de Niccoli é que a mudança de partido e as críticas à operação “demonstram uma mudança de opinião de parte da sociedade e do corpo político brasileiro que antes saudavam a Lava Jato como um grande processo de ‘caça aos corruptos'”. Mas que, “no entanto, terrivelmente teve como principal objetivo tirar de cena a qualquer custo o ex-presidente Lula”, pondera.
Para o cientista, a figura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin também “é importante nesse jogo de xadrez para que o PT consiga atrair eventualmente arrependidos com a Lava Jato e eleitores que venham a se identificar com a terceira via”.
— Sergio Moro usou da Lava Jato como um vale-tudo para tirar Lula da disputa eleitoral. E agora o que estamos acompanhando é que os congressistas norte-americanos querem maiores explicações sobre qual a participação dos Estados Unidos, inclusive da CIA, para treinar Sergio Moro num curso em Harvard com o objetivo de prejudicar os processos democráticos, em favor dos interesses econômicos norte-americanos. Moro terá muito o que explicar nas próximas eleições — conclui Níccoli.