"O Moro virou o queridinho da mídia. Obviamente, o único instrumento de discurso e de ação que o Moro tem é essa coisa do combate à corrupção, esse disco arranhado que ele fica falando o tempo inteiro, mas ele vai ter que explicar por que ele foi considerado um juiz parcial, por que ele foi considerado um juiz incompetente, por que ele armou um processo contra o presidente Lula", afirmou Hoffmann.
Por Redação, com BdF - de Brasília
A presença do ex-juiz suspeito Sergio Moro (Podemos) na trama política nacional tende a levantar, mais uma vez, a pauta sobre corrupção na campanha eleitoral do ano que vem. Para a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), no entanto, essa não será uma tarefa das mais fáceis para o ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL).
— O Moro virou o queridinho da mídia. Obviamente, o único instrumento de discurso e de ação que o Moro tem é essa coisa do combate à corrupção, esse disco arranhado que ele fica falando o tempo inteiro, mas ele vai ter que explicar por que ele foi considerado um juiz parcial, por que ele foi considerado um juiz incompetente, por que ele armou um processo contra o presidente Lula, articulou com delatores, articulou com o Ministério Público — afirmou a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), nesta terça-feira.
Hoffmann acredita que o antipetismo, germinado por anos em discursos pautados pela mídia e por partidos de oposição, que caracterizaram o Partido dos Trabalhadores como uma organização criminosa, foi desmontado com a derrubada dos processos judiciais contra o ex-presidente Lula.
Interesses
A pecha da corrupção, segundo a Hoffmann, desta vez pesará sobre Moro.
— Ele falar de combate à corrupção não é muito simples não, porque ele foi um juiz corrupto. Ao fazer toda essa articulação, ao fazer o que não devia, ele foi corrupto. Ele tem que explicar também por que ele mirou na Petrobras e tentou destruir uma das maiores empresas do Brasil, entregou os segredos da Petrobras aos interesses norte-americanos — afirmou.
Na entrevista com os jornalistas do BdF, a executiva abordou, ainda, o chamado ‘Orçamento secreto’ do Congresso e a PEC dos Precatórios; além de desconversar quando o assunto é uma possível aproximação entre Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), para compor a chapa presidencial das eleições de 2022.
— Isso é especulação. Surgiu de um encontro que o Lula fez com o Alckmin, assim como ele também tinha feito com Fernando Henrique, com Tasso Jereissati, nesse esforço político de criar uma aliança em defesa da democracia. Nós nunca condicionamos e nunca pedimos ao PSB para filiar o Alckmin, não há isso — garantiu.
Rebeldia
Quanto às emendas de relator, com base no ‘Orçamento secreto’, a presidente do PT chegou a criticar um de seus mais proeminentes quadros, no Senado.
— Nós tiramos uma posição desde o princípio muito clara e foi muito ruim a posição do senador Rogério Carvalho. A gente soltou inclusive uma nota dizendo. Lamento, nós vamos ter uma reunião da executiva no dia 10 de dezembro e esse assunto vai estar em pauta. O senador Rogério Carvalho estará nessa reunião para falar sobre isso e a gente vê o que o partido vai tomar de providências — acrescentou.
O ato de rebeldia do senador, no entanto, não seria suficiente para desaguar no seu afastamento dos quadros do partido.
— Acho que não chegaria a tanto, mas obviamente que a direção vai se pronunciar sobre isso. Qualquer penalização que se tenha a um filiado, a um parlamentar, passa por um processo dentro do partido para que se tenha direito à defesa, para que se tenha o debate. Então é uma reunião inicial que nós faremos — concluiu.